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O olhar de Eanes. Uma "certa inexperiência" grega e a "pesporrência" dos credores

02 jul, 2015

Líderes europeus têm mostrado "falta de respeito pelos grandes princípios que alicerçaram a União Europeia", diz o ex-Presidente da República.

O olhar de Eanes. Uma "certa inexperiência" grega e a "pesporrência" dos credores
O antigo Presidente da República Ramalho Eanes assiste com "profundo desgosto" à situação da Grécia, considerando que do lado grego "há uma certa inexperiência e um excesso de voluntarismo" e do outro lado "uma pesporrência".

Ramalho Eanes falava aos jornalistas no final de um encontro com apoiantes da candidatura de Sampaio da Nóvoa à Presidência da República, no Porto. Questionado sobre a situação da Grécia disse assistir a este processo com "profundo desgosto" e "mágoa".

Dos líderes dos órgãos da União Europeia, o único que merece respeito de Eanes é Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia.

"Por um lado, do lado da Grécia, há uma certa inexperiência e um excesso de voluntarismo. Do outro lado tem havido uma pesporrência e uma falta de respeito pelos grandes princípios que alicerçaram a União Europeia e que deviam constituir o cerne do projecto europeu que me impressionam", enfatizou.

Sobre a actuação dos líderes nacionais, o antigo Presidente da República disse não conseguir responder a essa pergunta porque não tem "conhecimento suficiente". "Porque por um lado ouço dizer que têm sido mais papistas que o Papa, por outro lado ouço dizer que têm sido moderados, que mais papistas que o Papa têm sido os países bálticos. Eu não tenho dados que me permitam formular um juízo honesto e uma opinião segura", concluiu.

Eanes com Nóvoa para "ajudar" o país
Anteriormente, também aos jornalistas, Sampaio da Nóvoa considerou muito preocupante a situação da Grécia e que aquilo que se está a viver "é uma corrosão dos princípios democráticos e das liberdades dos povos", confessando que esta não é a Europa com que a sua geração sonhou.

Sobre o motivo pelo qual apoia Sampaio da Nóvoa na corrida a Belém, Ramalho Eanes disse que na sua idade "há uma grande preocupação prudencial em relação às coisas públicas", garantindo que faz, sobre todas as decisões com carácter político, "uma profunda reflexão e um profundo exame".

"E foi essa reflexão e esse exame que me levaram a concluir que deveria apoiar o professor Nóvoa. E como já tive ocasião de dizer fui contra a opinião de muitos amigos meus que entendiam que eu não me devia pronunciar, que entendiam que eu não devia estar a investir um eventual prestígio que tivesse", confidenciou.

O antigo Presidente da República repete a pergunta que então fez: "O meu prestígio, no pouco tempo de vida que terei, para que é que serve senão para tentar ajudar, da melhor maneira que posso, o meu país?".

"Quando falo em ajudar o país é ajudar a que neste país os meus filhos, os meus netos, os seus filhos e os seus netos quando tiver, possam ser felizes", justificou.