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"Muitos pensionistas gregos não sabem como vão receber"

29 jun, 2015 • Sandra Afonso

Jornalista relata clima de grande apreensão, mas de calma no arranque de uma semana em que os bancos não abriram na Grécia. 

"Muitos pensionistas gregos não sabem como vão receber"
"Muitos pensionistas gregos não sabem como vão receber"
Os bancos gregos vão ficar fechados até à próxima terça-feira, 7 de Julho. O Primeiro-ministro repete os apelos à calma mas, um pouco por toda a Europa é o nervosismo que domina. O presidente da Comissão Europeia fala de um rude golpe na consciência europeia após a ruptura de negociações deste fim de semana. O risco de saída da Grécia do euro parece crescer a cada hora que passa.

Muitos pensionistas foram apanhados de surpresa com o encerramento dos bancos, decidida pelo governo grego para controlar os capitais no país na semana que precede o referendo de 5 de Julho.

"Gregos na fila das caixas multibanco para levantar dinheiro e hoje só podem levantar no máximo 60 euros. Isto é uma realidade completamente nova para os gregos, para muitas pessoas é um conceito assustador", descreve o jornalista grego Nick Malkoutzis, em entrevista telefónica à Renascença.

Os pensionistas são os mais afectados pelo encerramento dos bancos, devido ao corte da linha de emergência do Banco Central Europeu (BCE). O Governo prometeu abrir algumas agências, na quinta-feira, só para pagar aos reformados.

"Há muitos pensionistas preocupados porque não sabem como vão receber hoje. Até agora as pessoas estão calmas, aguardam nas filas tranquilamente, com paciência, mas há claramente preocupação. No domingo, assistimos a filas nas estações de serviço; no sábado, foram ao supermercado comprar alimentos básicos", refere Nick Malkoutzis.

O Governo de Atenas decidiu que os transportes públicos são grátis esta semana, por causa do referendo deste domingo e do controlo de capitais.

Se o "sim" vencer
O governo do Syriza defende a vitória do "não" na consulta popular. Se o sim vencer, o "cenário mais provável", diz Nick Malkoutzis, é "demissão imediata do Syriza e a formação imediata de um governo de unidade nacional, com apoio suficiente de uma variedade de partidos, com capacidade para eleger um primeiro-ministro que possa negociar um acordo com os credores e implementá-lo".

Nick Malkoutzis assinala que, caso vença o "sim", o Syriza ainda tem capacidade de voto no parlamento para obrigar à realização de eleições antecipadas.

"Pode haver um novo Governo saído do parlamento actual. Não é obrigatória a realização de eleições. Contudo, a posição do Syriza no Parlamento significa que se uma grande parte do partido, digamos 14 ou 15 deputados, não apoiar um novo Governo, juntamente com a oposição, não haverá votos necessários e terá de haver eleições. Então, o problema é que não há tempo para realizar as eleições antes de terminar o prazo para pagar ao Banco Central Europeu, a 20 Julho", conclui.