O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou esta segunda-feira estar "traído" pelo "egoísmo" da Grécia e "profundamente triste" com o desfecho das negociações entre a Europa e a Atenas.
"Numa noite apenas, a consciência europeia sofreu um grande golpe. A boa vontade, de certa forma, evaporou-se", lamentou numa conferência de imprensa em que fez duras críticas ao governo grego, que marcou para 5 de Julho um referendo sobre as propostas dos credores para a Grécia.
Juncker rejeita as críticas que são feitas à Comissão e ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Os credores foram "pacientes" com o Governo grego e os seus atrasos na apresentação de propostas, justificou.
Apelando a um voto no "sim" na consulta popular (o "não" seria um desastre, a saída da Grécia da moeda única), Juncker afirmou que os gregos "têm direito ao referendo", mas também "à verdade" sobre as propostas europeias. E a
proposta europeia, rejeitada "unilateralmente" por Atenas, "não é um pacote de austeridade estúpida", garantiu.
O presidente da Comissão afirma que os credores institucionais propuseram um acordo "justo" e "equilibrado" à Grécia. "Movemos montanhas [para chegar até à última proposta das instituições]", disse Juncker. "Não tenho que apresentar novas propostas hoje."
"Para mim a saída da Grécia da zona euro nunca foi, nem é uma opção", afirmou no discurso, que durou 33 minutos e acabou com palavras em grego. "A Grécia faz parte da família europeia e quero que esta família permaneça unida."
"Um 'não' [no referendo] significaria, independentemente da questão finamente colocada, que a Grécia diz não à Europa", disse Juncker. "Todo o planeta" faria essa leitura, avisou.