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"Financial Times". Portugal é o "bom aluno", mas pode ser "o próximo" se a Grécia sair do euro

23 jun, 2015

Num artigo publicado esta terça-feira, o jornal fala dos receios entre investidores e especialistas perante a incerteza em torno do futuro da Grécia no euro.

"Financial Times". Portugal é o "bom aluno", mas pode ser "o próximo" se a Grécia sair do euro
O "Financial Times" (FT) põe as coisas nestes termos: Portugal é o "bom aluno", a "prova" que o ministro das Finanças alemão pode exibir para demonstrar que os ajustamentos funcionam, mas é, a seguir à Grécia, o "elo mais fraco na zona euro". Por isso, uma saída grega da moeda única teria grande probabilidade de representar uma forte turbulência para um país que se gaba de ter os "cofres cheios".

Num artigo publicado esta terça-feira na edição "online" do FT, o jornal fala dos receios entre investidores e especialistas perante a incerteza em torno do futuro da Grécia no euro.

O FT falou com vários especialistas e cita a entrevista dada pelo anterior ministro das Finanças à Renascença. "Já vi este filme", disse Teixeira dos Santos.

Na passagem citada pelo FT, o ex-ministro diz que a "almofada" financeira amealhada pelo Governo poderia garantir o financiamento público durante alguns meses, mas não impediria o impacto na banca e no sector privado.

Teixeira dos Santos disse à Renascença temer que se a Grécia sair do euro os mercados se virem para Portugal.

Também para Antonio Roldán, da consultora de risco Eurasia Group, citado pelo FT, "Portugal, depois da Grécia, é o elo mais fraco da zona euro".

"O crédito a Portugal é visto como o mais arriscado na Europa a seguir à Grécia", disse ao FT Lyn Graham-Taylor, do Rabobank. "Tem uma grande dívida pública em percentagem do PIB, foi sujeito a um resgate e não tem o poder económico de outros países devedores como a Itália".

O FT cita alguns aspectos positivos da evolução das contas públicas portuguesas. "Espera-se que o défice público de 2015 caia abaixo dos 3% pela primeira vez em 15 anos. A economia está a crescer há quatro trimestres consecutivos e prevê-se que cresça 1,6% este ano", aponta.

Mas também há nuvens que adensam os medos de contágio de uma eventual saída da Grécia do euro: a dívida permanece alta (130% do PIB, lembra o FT), tal como o desemprego e a robustez da banca, factores que levaram o FMI a alertar que a retoma económica permanece "frágil".