16 jun, 2015 • Ricardo Vieira com agências
A Grécia e os credores internacionais trocaram esta terça-feira acusações em público, com o primeiro-ministro grego a defende que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem "responsabilidades criminais" na situação do país.
Num discurso perante os deputados, Alexis Tsipras insurgiu-se contra as "duras propostas" do FMI nas negociações e disse que os credores estão a tentar "humilhar" os gregos.
"Pedem-nos para adoptarmos um acordo que não só não vai resolver o problema como mergulhará a economia na recessão", afirmou Tsipras, que pediu à União Europeia e ao Banco Central Europeu (BCE) que se pronunciem.
O primeiro-ministro grego desafia os credores internacionais a decidirem se querem "pôr de joelhos" um país ou "assegurar o futuro da Europa", repetindo que o seu Governo continua empenhado em chegar a um acordo.
Atenas acusada de deturpar propostas
O presidente da Comissão Europeia acusa o Governo grego de deturpar, perante o povo grego, as propostas apresentadas por Bruxelas durante as negociações com vista a um acordo de financiamento em troca de reformas.
Questionado sobre as críticas do primeiro-ministro grego, Jean-Claude Juncker acusou o Governo de Atenas de "dizer coisas ao público grego que não são consistentes" com aquilo que o próprio disse a Alexis Tsipras.
Juncker garantiu, por exemplo, que não é a favor de um aumento do IVA nos medicamentos e na electricidade, "e o primeiro-ministro sabe-o", tendo mesmo sugerido alternativas, como "um corte modesto no orçamento de Defesa". "Isso poderia ser facilmente feito", disse, já que obrigar a Grécia a aumentar os preços dos medicamentos e da electricidade "seria um grande erro".
O presidente do executivo comunitário referiu também que propôs ao primeiro-ministro grego "um programa de 35 mil milhões de euros até 2020 de forma a apoiar investimentos na economia real na Grécia".
Juncker manifesta-se enfadado com as declarações de responsáveis de Atenas, garantindo que a sua preocupação é o povo grego, e não o Governo.