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Jornalista angolano recorre de sentença "combinada"

28 mai, 2015 • José Carlos Silva

Em declarações à Renascença, Rafael Marques dá conta de um acordo entre a acusação e o juiz do processo para que fosse condenado.

O escritor e jornalista angolano Rafael Marques vai recorrer para o Supremo da condenação a seis meses de prisão com pena suspensa decretada esta quinta-feira pelo tribunal provincial de Luanda.

Rafael Marques dá conta de um acordo entre a acusação e o juiz do processo para que fosse condenado, considerado que a justiça angolana sai mal na fotografia, tal como os generais angolanos visados no seu livro “Diamantes de Sangue”, que denuncia maus-tratos e ameaças sobre trabalhadores e populações das zonas diamantíferas.
 
“Com esta sentença sobe ao Tribunal Supremo, mas também é importante dizer que eu já sabia da sentença, porque o advogado da ITM Mining, Fernando Oliveira, tinha-me dito, no dia 20, que já tinha conversado com o juiz e tinha combinado com ele a sentença. Não foi surpresa nenhuma”, revela o jornalista angolano em declarações à Renascença.

Rafael Marques considera que os generais angolanos em causa desceram baixo para tentar limpar o seu nome.

“É uma vitória para os generais e para mim é uma prova apenas de que os generais de facto têm muito a responder sobre o que está no livro [‘Diamantes de Sangue’], porque se fossem tão inocentes como hoje reclamam não teriam descido tão baixo, não teriam sido tão ardilosos para tentarem limpar o seu nome de forma tão tosca, tão grosseira. É indiscritível.”

O tribunal provincial de Luanda condenou Rafael Marques a seis meses de prisão com pena suspensa, no processo de difamação sobre a violação dos direitos humanos na exploração diamantífera, apesar de um acordo do jornalista com os generais queixosos.

O activista estava em tribunal por ter exposto alegados abusos dos direitos humanos com a publicação do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola".