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Rafael Marques diz que “não se pode confiar na justiça ou nos dirigentes angolanos”

25 mai, 2015 • José Carlos Silva

O jornalista considera que foi vítima de uma "armadilha" e promete levar o caso às instâncias internacionais. Processo está relacionado com a publicação do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola".

Rafael Marques diz que “não se pode confiar na justiça ou nos dirigentes angolanos”
O jornalista e escritor angolano Rafael Marques admite recorrer para o Supremo e para instâncias internacionais caso venha a ser confirmado o pedido do Ministério Público para que seja condenado a 30 dias de prisão.

Rafael Marques é acusado de “denúncia caluniosa”, por ter exposto alegados abusos dos direitos humanos com a publicação do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola". Os queixosos são sete generais e os representantes de duas empresas diamantíferas.

Era alvo de 24 queixas, que foram retiradas, e por acordo com as partes Rafael Marques desistiu também de levar as suas testemunhas a tribunal. “Está aqui uma prova em como não se pode confiar nem na justiça, nem nos dirigentes angolanos. Porque são mentirosos. Não têm palavra ou honra”.

Nestas declarações à Renascença, o jornalista admite recorrer para as instâncias superiores e sente-se alvo de uma “armadilha”. “Chamaram o meu advogado e conversaram com ele: Disseram-lhe que não tinham interesse em que este processo continuasse. Então o meu advogado pediu-me que eu apresentasse algumas explicações que facilitasse à acusação retirar as queixas”.

O que não compreende? “É como tendo sido lavrado em acta que as acusações foram retiradas e assim anunciado, hoje vem o Ministério Publico, em nome do Estado angolano, dizer que eu devo ser condenado porque não apresentei provas”, explica.

O Ministério Público angolano pediu esta segunda-feira 30 dias de prisão para Rafael Marques, apesar de os representantes dos generais no processo de difamação sobre violação dos direitos humanos e exploração diamantífera terem aceitado as explicações do jornalista e activista.

A posição foi assumida no final das alegações finais do julgamento, em que, segundo o advogado do arguido, David Mendes, os queixosos (generais) afirmaram que não havia motivos para continuar com o processo - após a explicação em tribunal -, deixando cair qualquer pedido de indemnização, tendo a defesa de Rafael Marques pedido igualmente a sua absolvição.