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Ministério Público angolano pede 30 dias de prisão para Rafael Marques

25 mai, 2015

O jornalista e activista declara que "é uma cilada". Rafael Marques é acusado de "denúncia caluniosa", por ter exposto alegados abusos dos direitos humanos com a publicação do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola".

Ministério Público angolano pede 30 dias de prisão para Rafael Marques

O Ministério Público angolano pediu 30 dias de prisão para Rafael Marques, apesar de os representantes dos generais no processo de difamação sobre violação dos direitos humanos e exploração diamantífera terem aceitado as explicações do jornalista e activista.

A posição foi assumida no final das alegações finais do julgamento, em que, segundo o advogado do arguido, David Mendes, os queixosos (generais) afirmaram que não havia motivos para continuar com o processo - após a explicação em tribunal -, deixando cair qualquer pedido de indemnização, tendo a defesa de Rafael Marques pedido igualmente a sua absolvição.

"É uma cilada. O que houve foi uma cilada. E o Estado angolano há-de conhecer-me de uma forma muito mais dura", afirmou, questionado pela agência Lusa, Rafael Marques, que após o entendimento alcançado com a acusação acabou por prescindir de levar as suas testemunhas ao julgamento, tal como os representantes dos generais.

Rafael Marques é alvo de uma acusação de calúnia e difamação e duas de denúncia caluniosa, depois de ter exposto estes alegados abusos com a publicação, em Portugal, em Setembro de 2011, do livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola".

Os queixosos são sete generais, liderados pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", e os representantes de duas empresas diamantíferas.

A leitura da sentença deste caso, sobre alegadas violações dos Direitos Humanos e mortes nas províncias diamantíferas das Lundas, ficou agendada para a próxima quinta-feira, às 10h00 (mesma hora em Lisboa), no Tribunal Provincial de Luanda.

Apesar do entendimento alcançado entre as partes a 21 de Maio, após explicações dadas por Rafael Marques em tribunal sobre a forma como contactou as empresas visadas - não tendo obtido respostas -, o Ministério Público angolano, segundo o advogado David Mendes, defende a aplicação de uma pena de um mês de prisão (30 dias) por se tratar de um crime público e não ter sido apresentada prova em contrário.