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Tráfico de crianças no Nepal preocupa Unicef após sismo

05 mai, 2015

Autoridades nepalesas subiram para 7.557 o número de mortos do terramoto registado no passado dia 25 de Abril.

Tráfico de crianças no Nepal preocupa Unicef após sismo
O núcleo da Unicef em Katmandu alertou para o risco de aumento do tráfico de crianças no Nepal, na sequência do terramoto, e para o perigo de agravamento de problemas já existentes, como a subnutrição.

A organização está preocupada com o movimento ilegal de crianças "no meio do caos" associado a qualquer emergência, pelo que continua a trabalhar com a polícia e as autoridades fronteiriças. "As notícias que nos chegam dos campos de deslocados não são alarmantes nesse sentido, mas temos que estar atentos porque sabemos que em todas as situações de emergência os riscos são elevados", frisou a chefe da Protecção Infantil da Unicef no Nepal, Virginia Pérez, numa entrevista à agência noticiosa Efe.

Segundo dados de que a Organização das Nações Unidas (ONU) dispõe, relativos a 2001, 12 mil crianças eram traficadas por ano no Nepal.

"Não sabemos até que ponto esses números estão actualizados", referiu Virginia Pérez, acrescentando que o Nepal e a Índia têm uma fronteira permeável que se pode atravessar com facilidade e sem documentação.

A mesma responsável explicou que o risco incide, sobretudo, nas crianças que não têm quem cuide delas, que se movem de um lado para o outro, que podem separar-se dos pais e acabar na Índia ou noutro país.

Segundo algumas das primeiras avaliações, no distrito de Gorkha (norte), perto de 80% das escolas estão destruídas, pelo que continuam a trabalhar para impedir as doenças. Já antes do terramoto de 25 de Abril, o Nepal tinha índices de exploração infantil, de tráfico de menores e de abuso e violência "muito altos", referiu.

A subnutrição, o perigo da falta de alimentos e o atraso no regresso à escola, assim como o perigo das doenças causadas pela falta de saneamento, são também preocupações da Unicef. O trabalho infantil é outra das preocupações, já que agora é necessária muita mão-de-obra para reconstruir o país.

Aumenta o número de mortos
As autoridades nepalesas informaram que "um exército" de trabalhadores está finalmente a conseguir fazer chegar a ajuda aos sobreviventes do sismo no Nepal. Mais de 131 mil militares e polícias nepaleses participam actualmente na massiva operação, apoiados por mais de uma centena de equipas de trabalhadores humanitários estrangeiros.

O Centro de Operações de Emergência Nacional elevou, esta terça-feira, para 7.557 o número de mortes causadas pelo forte sismo, o mais mortífero do país em mais de 80 anos, o qual provocou também 14.536 feridos. Mas as autoridades advertiram, porém, que o balanço final deve aumentar, atendendo a que as equipas de resgate começam apenas agora a ter acesso a zonas remotas da nação.

O terramoto, registado no passado dia 25 de Abril, também fez mais de uma centena de mortos nas vizinhas Índia e China.

O Governo do Nepal tem sido alvo de críticas pelos atrasos na entrega de ajuda, uma situação que o Ministério do Interior afirmou estar actualmente sob controlo.