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Europa. Os jovens acreditam mais nela e as mulheres são mais pessimistas

27 mar, 2015 • José Pedro Frazão

Pedro Santana Lopes e António Vitorino analisam os dados do mais recente eurobarómetro sobre a imagem dos europeus em relação à União Europeia. Os comentadores assinalam resultados "curiosos", mas sobretudo "optimistas" em relação ao futuro da Europa.

Europa. Os jovens acreditam mais nela e as mulheres são mais pessimistas
Pedro Santana Lopes e António Vitorino comentam os dados do mais recente eurobarómetro sobre a imagem dos europeus em relação à União Europeia. Os comentadores assinalam resultados "curiosos", mas sobretudo "optimistas" em relação ao futuro da Europa.

O optimismo dos jovens e o cepticismo das mulheres em relação à Europa são algumas das notas sublinhadas por António Vitorino e Pedro Santana Lopes no eurobarómetro de Outono de 2014, recentemente divulgado.

No programa "Fora da Caixa" da Renascença, o antigo comissário europeu António Vitorino considera mesmo que o mais recente estudo de opinião encomendado pela Comissão Europeia confirma uma questão preocupante. "As mulheres estão mais pessimistas em relação à Europa do que os homens. Há uma dificuldade da União Europeia com a opinião pública feminina”.

“Não sou capaz de interpretações 'psicologistas', mas as mulheres são muitas vezes a primeira linha da consciência das dificuldades da vida quotidiana. Para quem entenda que a União Europeia é responsável por isso, é natural que aquelas que sofrem o primeiro embate do esforço do quotidiano, pelas dificuldades da crise económica, sejam as que têm a visão mais negativa da Europa”, diz Vitorino, que resume a ideia numa frase: "as mulheres são muito pragmáticas e querem ver resultados que não têm existido na Europa".

Já os mais jovens apresentam os dados de maior optimismo sobre o futuro da União Europeia. Sete em cada dez assim se expressam, com 60% de opiniões optimistas na faixa entre os 25 e os 39 anos.

"É a geração do futuro do país", observa António Vitorino. Para Pedro Santana Lopes, que trouxe os dados a debate, é curiosa "toda esta realidade que os nossos filhos vão vivendo, de serem cidadãos da Europa e do Mundo, que lhes permite ter uma perspectiva euro-optimista".

O mais recente eurobarómetro teve trabalho de campo em Novembro de 2014. Assinala uma melhoria da imagem da Europa por parte dos portugueses face ao estudo da Primavera de 2014.

“Há 46% dos portugueses que acham que a União Europeia está na direcção certa. Isso significa alguma adesão à retórica do senhor Juncker e uma critica implícita à comissão Barroso. 51% estão optimistas em relação ao futuro da União Europeu. Ora, o optimismo em relação ao futuro é raro em portugueses", comenta Vitorino, que assinala que apenas 29% dos portugueses consideram que Portugal está melhor fora do euro.

"A imagem da Europa é melhor em Portugal do que a imagem que há na Alemanha sobre a União", observa o antigo ministro socialista.

Pedro Santana Lopes considera que os dados do eurobarómetro são curiosos. "Eu não estranharia uma opinião consideravelmente negativa sobre a Europa e as perspectivas de futuro. Há aqui alguma dose de optimismo que ao mesmo tempo é agradável e pode ser importante para os tempos que aí vêm, para o crescimento, investimento. Mas confesso que são um pouco surpreendentes. Não só cá como na generalidade da União", comenta a propósito de uma evolução das opiniões positivas da União Europeia, em contraste com a ideia de um impasse na Europa.
A melhoria da imagem global da Europa, apesar da associação clara entre a União, a austeridade e o desemprego, tem que ser valorizada, considera António Vitorino.

"É preciso conjugar estas opiniões com a visão prospectiva positiva que têm. Se estivéssemos perante um cenário em que a UE é responsável pela austeridade e pelo desemprego, com perspectiva pessimista, isso seria uma espiral de afundamento. O que é paradoxal, interessante e estimulante para os agentes políticos, é compreender que embora as pessoas tenham uma visão critica do adquirido na União Europeia, designadamente em matéria de austeridade e desemprego, ainda há uma reserva de confiança de que as coisas podem melhorar e de que a UE faz parte da solução para melhorarem", remata o antigo comissário europeu.

No "Fora da Caixa", os comentadores analisaram ainda os resultados das eleições departamentais francesas e das regionais na Andaluzia em Espanha. Santana Lopes e António Vitorino comentaram ainda o anúncio de David Cameron de que não procura um terceiro mandato como primeiro-ministro.

O programa "Fora da Caixa" é uma parceria Renascença/Euranet, para ouvir depois das 23h00 de sexta-feira.