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Co-piloto fez despenhar "deliberadamente" o A320

26 mar, 2015

Foi um "acto voluntário", aparentemente para "destruir o avião", diz o procurador de Marselha. A queda do avião, nos Alpes franceses, matou 150 pessoas.

Co-piloto fez despenhar "deliberadamente" o A320
Brice Robin, procurador-geral de Marselha, afirma que a queda do Airbus A320 nos Alpes foi responsabilidade do co-piloto, que “voluntariamente” accionou "o botão que comanda a perda de altitude". O avião da Germanwings caiu nos Alpes franceses, na terça-feira, matando as 150 pessoas que iam a bordo.
O co-piloto da Germanwings fez o A320 despenhar-se "deliberadamente" contra as montanhas dos Alpes franceses. Foi um "acto voluntário", disse esta quinta-feira o procurador de Marselha, Brice Robin.

A revelação surge na sequência da análise dos dados da caixa negra encontrada terça-feira, dia que o avião de despenhou nos Alpes franceses.

"Ouvimos o piloto a pedir ao co-piloto para assumir o controlo do avião e ouve-se, ao mesmo tempo, o som de um banco a mexer-se e uma porta a fechar-se", descreveu o procurador em conferência de imprensa.

"Nesse momento, o co-piloto está a controlar sozinho o avião. Depois pressiona os botões do sistema de controlo de voo para pôr em curso a descida do aparelho. Esta acção sobre o controlo de altitude só pode ser deliberada", afirmou.

Andreas Lubitz, de 28 anos, ficou sozinho aos comandos do avião e "deliberadamente recusou-se a abrir a porta do 'cockpit'". Os dados mostram que "estava vivo e a respirar" até ao impacto do aparelho.

Andreas Lubitz. Foto: Facebook

"A interpretação mais plausível é que o co-piloto, através de um acto voluntário, recusou-se a abrir a porta e deixar entrar o piloto. Ele carregou no botão, que fez o aparelho perder altitude, por uma razão que ainda não conhecemos. Aparentemente a sua intenção era destruir o avião", conclui.

Sem ligações terroristas
O procurador francês encarregado da investigação à queda do Airbus A320 afirmou que Andreas Lubitz não estava referenciado por terrorismo.

Mais tarde, o ministro do Interior alemão lembrou que as forças de segurança alemãs não têm "indícios de contexto terrorista" relacionados com o co- piloto do avião da Germanwings que na terça-feira se despenhou nos Alpes franceses. Segundo Thomas Maizière, depois do acidente, as forças de segurança da Alemanha investigaram o passado de todos os 150 ocupantes do avião em duas bases de dados, uma dos serviços secretos e outra da polícia federal. Essa investigação não deu qualquer resultado positivo para indícios de terrorismo.

Na gravação analisada são ainda audíveis os gritos dos passageiros antes do embate nos Alpes franceses.

Brice Robin confirma que a segunda "caixa negra" ainda não foi encontrada. 

O jornal "The New York Times" tinha já avançado que um dos pilotos deixou a cabina e não conseguiu voltar, citando informação recolhida de uma das “caixas negras” do aparelho.

Queda de oito minutos
Uma equipa vasta de técnicos, especialistas e organizações peritas, a administração interna alemã e espanhola e ainda a Lufthansa, empresa-mãe da Germanwings, estão envolvidas na investigação.

A tripulação não emitiu qualquer sinal de socorro durante a queda do aparelho, que durou oito minutos, de acordo com a Germanwings. O piloto tinha "mais de dez anos" de experiência e "mais de seis mil horas de voo", indicou a companhia. O avião, com 25 anos, foi alvo de uma grande revisão em 2013.

A alguns quilómetros do local do acidente, na aldeia de Seyne-les-Alpes, um importante dispositivo de acolhimento e de apoio psicológico foi montado para receber familiares das vítimas, que começaram a chegar à região.

As vítimas do acidente de terça-feira do avião A320 que ligava Barcelona a Dusseldorf são de 15 países, confirmaram as autoridades francesas, acrescentando que maioritariamente as vítimas são espanholas (49) e alemãs (72).

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