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Turquia impediu mais de 12 mil pessoas de se juntarem ao Estado Islâmico

25 mar, 2015 • Filipe d’Avillez

Presidente do Parlamento turco compara a dificuldade de patrulhar a fronteira com a Síria com a fronteira entre os EUA e o México. "A luta contra o Estado Islâmico devia basear-se na colaboração internacional".

As autoridades turcas impediram 12.550 pessoas, de 93 países, de entrarem na Síria para se juntarem ao autoproclamado Estado Islâmico, garante o presidente do Parlamento daquele país.

Em entrevista à agência turca Anadolu, Cemil Cicek, que se encontra de visita a Washington, disse que a Turquia está a ser um "bom parceiro" na coligação internacional contra o Estado Islâmico.

A Turquia é a principal porta de entrada para quem procura juntar-se ao Estado Islâmico mas, segundo Cicek, não é por falta de esforço das autoridades, que já impediram 12.550 pessoas de se juntarem ao grupo jihadista. No âmbito destes processos pelo menos 1.200 pessoas de 78 países foram deportadas, incluindo 16 norte-americanos.

Actualmente oito das entradas da Turquia para a Síria estão seladas, com cinco a permanecerem abertas para permitir a passagem de ajuda humanitária e bens comerciais, acrescenta Cicek.

Respondendo a críticas de que a Turquia não está a fazer o suficiente para impedir a entrada de jihadistas no país, o presidente do Parlamento compara a situação com a dos Estados Unidos e do México, lembrando que a fronteira tem uma extensão de cerca de 1.300 quilómetros. “Apesar de os Estados Unidos terem alocado milhares de milhões de dólares, aumentado os efectivos de controlos fronteiriços e construído uma barreira na fronteira com o México, centenas de milhares de pessoas continuam a atravessar ilegalmente para a América”, afirma.

Cicek fala em críticas injustas e que o país tem feito mais até do que lhe compete para lidar com a crise humanitária na Síria e no Iraque. A Turquia já acolheu mais de dois milhões de refugiados, enquanto os países ocidentais receberam apenas 130.000, refere. Ao todo, o seu país já gastou mais de cinco mil milhões de euros a cuidar desses refugiados. “A luta contra o Estado Islâmico devia basear-se na colaboração internacional. Não é justo deixar a Turquia carregar com o fardo todo”, afirma.

A relação entre a Turquia e o combate ao Estado Islâmico é complexa uma vez que quem está a travar a maioria dos combates no terreno são militantes curdos, ligados ao PKK, o Partido dos Trabalhadores Curdos, que está em guerra contra a Turquia há mais de três décadas.

Cicek critica a forma como o ocidente passou a encarar as forças curdas como heróicas, classificando-as como terroristas: “A comunidade internacional precisa de condenar todos os grupos terroristas, sem excepção, incluindo o PKK ou o Estado Islâmico”, insiste, lembrando que a luta entre esse grupo e o exército turco já resultou na morte de mais de 40 mil civis.