A guerra civil na Síria fez mais de 210 mil mortos desde 2011, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). O conflito, iniciado a 15 de Março daquele ano, já fez deslocar metade da população e transformou o país em ruínas em apenas quatro anos.
O impacto da guerra pode também ser medido pelas luzes que os satélites fotografam durante a noite. De acordo com a
Amnistia Internacional, as luzes na Síria extinguiram-se em 83% nos quatro anos de conflito.
Utilize o cursor para ver o antes (à direita) e o depois (à esquerda) do início da guerra na Síria. Alguns browsers podem não exibir as imagens (browser recomendado: Chrome) Os dados foram compilados com base na avaliação de imagens satélite do território captadas entre 2011 e 2015.
A análise destas imagens, por cientistas da Universidade Wuhan, na China, junto com a coligação
#withSyria – que reúne 130 organizações não-governamentais –, demonstra que o número de luzes visíveis na Síria à noite começou a cair quando ocorreram as primeiras manifestações de revolta no país, na cidade de Deera.
"Quatro anos desde o início desta crise, o povo sírio foi mergulhado na escuridão: vive na indigência, aterrorizado e de luto pelos amigos que perdeu e pelo país que antes conhecia", descreve o presidente da organização não-governamental humanitária International Rescue Comittee, David Miliband.
As imagens satélite agora divulgadas "são a mais objectiva fonte de dados que mostram a devastação na Síria a uma escala nacional", frisa, por seu lado, o investigador que chefiou este projecto na Universidade de Wuhan, Xi Li.
"Nas zonas mais afectadas, como Alepo, uns assombrosos 97% das luzes extinguiram-se. As excepções são as províncias de Damasco e de Quneitra, perto da fronteira com Israel, onde o declínio na luz foi de 35% e 47%, respectivamente", explica o perito.
Vítimas civis ascendem a 30%. Quase 11 mil são crianças Segundo o OSDH, 210.060 pessoas foram mortas na Síria entre Março de 2011 e Fevereiro de 2015. Mais de 30% das vítimas (65.146) eram civis, das quais 10.664 crianças.
Entre os combatentes anti-regime, 38.325 eram rebeldes sírios, enquanto 24.989 jihadistas estrangeiros.
Já do lado dos fiéis a Bashar al-Assad, as vítimas mortais incluíram 45.385 soldados, 29.943 milicianos, 640 membros do movimento libanês xiita Hezbollah e 2.502 milicianos xiitas de outros países.
O OSDH sublinhou que o balanço trágico é provavelmente "muito maior", assinalando ser impossível recolher informação em determinadas áreas do país.
Uma família de refugiados sírios na Jordânia. Foto: Amnistia Internacional De acordo com dados da ONU, 11,4 milhões de pessoas fugiram das suas casas, das quais quase quatro milhões deixaram o país, e perto de 1,2 milhões procuraram refúgio no Líbano, um número que equivale a mais de um terço da população deste país.
No interior da Síria, 60% da população, estimada em 23 milhões de habitantes, vive na pobreza, segundo dados divulgados pela FAO em Setembro passado. A Unicef dá outro dado: 2,4 milhões de crianças não podem ir à escola devido à insegurança.
Especialistas dizem que o conflito fez com que a economia da Síria recuasse três décadas, com metade da sua população no desemprego e a maioria das infra-estruturas destruídas. O PIB sírio caiu mais de 40%, diz o Fundo Monetário Internacional.
ONU exige acção O secretário-geral do Conselho Norueguês para os Refugiados e antigo secretário-geral-adjunto das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Jan Egeland, sublinha que "2014 foi o ano mais negro nesta guerra horrível".
"Os civis não estão a ser protegidos como o Conselho de Segurança prometeu que seriam. O seu acesso a ajuda não melhorou e o financiamento humanitário está a diminuir em comparação com o que é necessário. É uma vergonha a forma como estamos a falhar aos sírios."