Amã lamenta morte de japonês mas ainda quer negociar com Estado Islâmico
01 fev, 2015 • Filipe d’Avillez
O piloto jordano Mu’adh al-Kasasbeh pertence a uma importante tribo jordana, cujo apoio é crucial para sustentar a monarquia.
A Jordânia lamentou oficialmente, este domingo, o assassinato de Kenji Goto, o jornalista japonês decapitado pelo autoproclamado Estado Islâmico. Contudo, Amã continua a dizer que está disponível para negociar com o grupo, que mantém detido um piloto da força aérea jordana que se despenhou na Síria e foi capturado.
A Jordânia lamentou oficialmente, este domingo, o assassinato de Kenji Goto, o jornalista japonês decapitado pelo autoproclamado Estado Islâmico. O grupo terrorista divulgou um vídeo com imagens do cadáver de Goto no passado sábado.
“O governo da Jordânia condena fortemente a execução do segundo refém japonês pela organização terrorista Daesh”, disse um porta-voz do Governo jordano, utilizando um termo pejorativo para se referir ao Estado Islâmico.
Contudo, Amã continua a dizer que está disponível para negociar com o grupo, que mantém detido um piloto da força aérea jordana que se despenhou na Síria e foi capturado. "Continuamos disponíveis para entregar Sajida al-Rishawi em troca do nosso filho e herói", afirmou o porta-voz do Governo jordano.
Na semana passada o grupo propôs trocar Goto e Mu’adh al-Kasasbeh por uma jihadista iraquiana que está detida na Jordânia. Chegou-se pensar que a troca se iria efectuar, mas o Estado Islâmico não forneceu provas de vida do piloto jordano, levando Amã a impedir a saída da iraquiana Sajida al-Rishawi.
A dimensão a que chegou este braço de ferro entre a Jordânia e o Estado Islâmico revela a importância de Kasasbeh. O piloto pertence a uma importante tribo jordana, cujo apoio é crucial para sustentar a monarquia e a Jordânia está sob forte pressão para o resgatar com vida.
Contudo, a situação não é simples para o Estado Islâmico. A execução de Kasasbeh poderá servir para hostilizar uma parte significativa do povo jordano, onde os fundamentalistas gozam de algum apoio, e este fim-de-semana um site de activistas da cidade de Raqqa, capital do Estado Islâmico na Síria, dava conta de grandes divisões no interior do grupo com algumas facções a pedir a execução imediata de um “combatente inimigo” e outros defender a negociação com a Jordânia.
O facto de Kasasbeh estar vivo, ou caso tenha sido morto, de a sua morte não ter sido divulgada, com direito a imagens, ao estilo do Estado Islâmico, pode ser entendido como prova da sua importância tanto para a Jordânia como para o Estado Islâmico, sobretudo tendo em conta que se trata de um militar que combatia activamente o grupo, enquanto os japoneses eram civis de um país que não está envolvido militarmente na coligação internacional.