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Libertadas centenas de crianças-soldado no Sudão do Sul

27 jan, 2015

"Foram obrigadas a fazer e viram o que nenhuma criança devia ver", segundo a Unicef. Os menores têm entre 11 e 17 anos e alguns combatiam há quatro anos.

Libertadas centenas de crianças-soldado no Sudão do Sul
Militares do Sudão do Sul libertaram 280 crianças-soldado, um primeiro grupo das cerca de 3.000 que devem ser desmobilizadas, anunciou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Cerca de 12.000 menores, principalmente rapazes, foram recrutados à força durante o ano passado no Sudão do Sul. O país vive em guerra civil desde Dezembro de 2013, que opõe o exército leal ao Presidente Salva Kiir aos militares fiéis ao seu antigo vice-presidente Riek Machar.

"O primeiro grupo de 280 crianças foi libertado na localidade de Gumuruk, situada no estado de Jonglei", no leste do país, anunciou a Unicef em comunicado. Os menores têm entre 11 e 17 anos e alguns combatiam há quatro anos e nunca foram à escola.

"Estas crianças foram obrigadas a fazer e viram o que nenhuma criança devia ver", declarou o director da Unicef no Sudão do Sul, Jonathan Veitch.
Os menores receberam alimentos e roupas e terão acesso a cursos de formação profissional. A ONU vai tentar encontrar as suas famílias, "um desafio colossal" num país onde mais de dois milhões de pessoas abandonaram as suas casas devido aos combates e mais de 500.000 das quais se refugiaram nos países vizinhos.

O resto de um total de 3.000 menores deve ser resgatado nas próximas semanas, "numa das mais importantes operações de desmobilização de crianças jamais realizadas", segundo a organização.

As crianças libertadas integravam o Exército Democrático do Sudão do Sul (SSDA) - Facção Cobra, um grupo rebelde dirigido por David Yau Yau.

Há ainda pelo menos 19 países onde é feito o recrutamento de crianças para combate. E, apesar de ser muito difícil avaliar os números exactos, a Unicef estima que todos os dias estejam envolvidas centenas de milhares de crianças em conflitos armados, submetidos a situações extremas, forçados a cometer atrocidades, que sofrem maus-tratos, violações e testemunham assassinatos.