Emissão Renascença | Ouvir Online

O primeiro dia do PM Tsipras

"A esperança está a caminho". Chegou com Alexis Tsipras

26 jan, 2015 • Inês Alberti

O primeiro dia do novo primeiro-ministro da Grécia foi marcado por coligações improváveis, cerimónias históricas e homenagens simbólicas. Tudo isto sem gravata.

"A esperança está a caminho". Chegou com Alexis Tsipras
Alexis Tsipras acordou na manhã soalheira desta segunda-feira para uma Grécia diferente. Um pouco por todo o país, as pessoas vestiram-se de esperança e de optimismo. Em Atenas, os cidadãos da bandeira azul e branca esperavam o seu novo primeiro-ministro.

O líder do Syriza, partido de esquerda radical, ganhou as eleições de domingo com 36,34% dos votos e conquistou 149 lugares na Assembleia. Mas mais surpreendente do que esta vitória foi a coligação formada na segunda-feira com o partido de direita Independentes Gregos.

Com a maioria alcançada e o Governo sustentado, Tsipras – que liderou a campanha "A esperança está a caminho" – seguiu para o palácio presidencial. Como sempre, a gravata ficou em casa.

Bem-disposto e sorridente, Tsipras surpreendeu na tomada de posse: foi empossado com um juramento civil, sem a Bíblia ou a bênção do Arcebispo de Atenas, e no fim da cerimónia nem um aperto de mão simbólico da passagem de testemunho houve entre o chefe do Governo cessante, Lucas Papademos, e o novo primeiro-ministro.

Com os seus 40 anos de idade, Alexis Tsipras passou a ser o novo primeiro-ministro da Grécia, o mais novo em 150 anos mas com um dos maiores desafios na história do país do Mediterrâneo: levantar um país em crise, inserido numa união monetária mas com uma posição marcadamente contra as ajudas externas.

O esquerdista e a Montblanc
O esquerdista assinou os documentos de tomada de posse com uma caneta Montblanc e deixou o palácio presidencial, rumo a cinco anos de costas voltadas às políticas de austeridade apoiadas pela Alemanha, num Mercedes.

Numa acção simbólica, o primeiro acto de Alexis Tispras como primeiro-ministro foi a visita a um memorial a combatentes comunistas executados pelas forças nazis, onde deixou rosas vermelhas.

Os escritórios do primeiro-ministro na Mansão Maximos foram o próximo destino no itinerário, um local onde Tsipras vai passar grande parte do seu tempo nos próximos anos a tentar diminuir o desemprego, manter o euro, diminuir a gigantesca dívida pública, diminuir a despesa e aumentar o apoio aos mais pobres, como prometeu.

Para o fim do dia ficaram agendadas reuniões com os outros partidos gregos. Primeiro com o To Potami, o partido de centro-esquerda de Stavros Theodorakis e depois com o KKE, o partido comunista de Dimitris Koutsoubas.

Nos próximos dias esperam-se os nomes que vão integrar o novo Executivo de Tsipras, enquanto o resto da Europa olha com curiosidade e receio para a nova velha amiga Grécia, e pergunta: vai resultar?

Os gregos acreditaram que a "esperança está a caminho", os seus votos demonstraram isso mesmo. Agora, a bola está com Tsipras, que esta noite adormece numa Grécia diferente: a que ele lidera como primeiro-ministro.