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Europa deve "respeito democrático" à Grécia, mas "não pode deixar de ser firme"

26 jan, 2015

Santana Lopes e António Vitorino comentam vitória do Syriza na Grécia.

Europa deve "respeito democrático" à Grécia, mas "não pode deixar de ser firme"

A Europa tem que respeitar os resultados das eleições legislativas gregas, defende Pedro Santana Lopes. Já António Vitorino considera que o novo Governo vai ter de deixar cair algumas promessas.

No rescaldo da vitória do partido antiausteridade Syriza, Santana considera, em declarações à Renascença, que  Bruxelas também tem de manter-se firme em relação a Atenas. “Penso que a União Europeia deve ser tolerante, deve respeitar a vontade do povo grego. Respeito democrático é a expressão necessária neste momento. Compreendo que Bruxelas não possa deixar de ser firme, as coisas não mudam de um dia para o outro”.

“O líder do Syriza [Alexis Tsipras] já disse que não põe em causa a NATO e que não quer sair do euro. Agora, rejeita a continuação da austeridade, rejeita mais carga fiscal, mais medidas gravosas para os trabalhadores. O que é que isso significa, na prática, é o que falta saber”, sublinha o antigo primeiro-ministro.

Já o antigo comissário europeu António Vitorino considera que o Syriza vai ter que deixar cair algumas das suas promessas eleitorais, mas a renegociação da dívida vai ser o seu objectivo principal.

“Sobretudo na política interna, quanto aos serviços e funcionários públicos, tem um conjunto de promessas que dificilmente o novo Governo vai poder honrar na integra. Mas o ponto de aplicação da política do Syriza vai ser a negociação da dívida com a União Europeia e depois desta vitória, tão expressiva e significativa, a minha convicção é de que não seja difícil ao Syriza formar um Governo.”

Segundo António Vitorino, a negociação da questão da dívida deve começar o mais depressa possível, porque “não há muito tempo”.

“A Grécia tem obrigações de pagamento e tem de concluir o programa de assistência financeira. Admito que nos próximos meses, até ao Verão, teremos um perímetro mais clarificado de até onde a Europa está disposta a ir a discutir com os gregos a questão da dívida, até onde é que o Syriza terá habilidade suficiente para perceber que aquilo que forem as concessões europeias terão que ser apresentadas aos gregos como correspondendo ao programa político com que se candidataram às eleições”, afirma o antigo comissário europeu.

O Syriza ganhou as eleições legislativas na Grécia, sem maioria absoluta, e chegou esta segunda-feira a um acordo de coligação com os Gregos Independentes, de direita.