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50 anos da morte

Churchill: 19 factos sobre o estadista que chorava e pintava

24 jan, 2015 • Matilde Torres Pereira

Winston Churchill foi um homem de muitas facetas. Além da sua extensa carreira política como primeiro-ministro do Reino Unido, Churchill pintava e escrevia. Ganhou o Nobel da Literatura e foi aclamado como herói de guerra. Conheça o outro lado de uma das figuras mais notáveis do século XX.

Churchill: 19 factos sobre o estadista que chorava e pintava

1. HERÓI NOVO
Ganhou fama muito novo, aos 25 anos, ao escapar corajosamente de um campo de prisioneiros na África do Sul durante a Guerra dos Bôeres, onde serviu como correspondente de guerra e oficial do exército. Conseguiu escalar uma parede durante a noite e fugir da prisão. Escondeu-se três dias dentro de uma mina e depois conseguiu apanhar um comboio carregado de lã rumo a Moçambique. De lá, apanhou um barco de volta à África do Sul e correu para a frente de batalha, onde foi aclamado como um herói.

2. PRIMEIRO-MINISTRO AOS 65
Já tinha 65 anos quando assumiu o cargo de primeiro-ministro. A guerra energizou-o. Um jornalista norte-americano escreveu, em 1941, “As responsabilidades que agora lhe cabem são maiores que as carregadas por qualquer outro ser humano na terra. Seria de esperar que este peso teria nele um efeito opressor, mas não. A última vez que o vi, parecia vinte anos mais novo do que antes da guerra, e o seu espírito enaltecido transmite-se para o povo”.

O 3. UM TELEGRAMA FULCRAL
Assim que a Inglaterra declarou guerra à Alemanha, Churchill foi imediatamente chamado a ocupar o seu antigo posto de ministro da Marinha. O anúncio é feito pelo Almirantado à Frota através de um telegrama em que se lia “Winston is back” – “Winston está de volta”.

4. CONSERVADOR, LIBERAL, CONSERVADOR
Mudou duas vezes de partido, passando de conservador a liberal ainda antes da I Guerra Mundial e voltando atrás durante os anos 20.

5. 160.000 QUILÓMETROS
Apesar de ter uma saúde frágil, sofrendo várias doenças ao longo da vida, percorreu mais de 160.000 quilometros durante a II Guerra Mundial, sob o nome Colonel Warden. Acabou por morrer com 90 anos.

6. "LIFE POD". E METRALHADORA
Durante a II Guerra Mundial, Churchill precisou de uma câmara pressurizada, chamada “Life Pod” para voar, devido à sua saúde. Incluía um telefone, um cinzeiro e um sistema de circulação de ar para poder fumar. Quando viajava de barco, levava um bote salva-vidas equipado com uma metralhadora para poder “resistir a captura a qualquer custo”.

7. O ESTRATEGA COM ERROS
Tinha uma personalidade contraditória e cometeu vários e alguns graves erros. O marechal Alan Brooke, chefe das Forças Armadas, escreveu no seu diário: “A coisa mais maravilhosa é que três quartos da população mundial imagina que Churchill é um dos maiores estrategas da História e o outro quarto não faz ideia de como ele representa uma ameaça pública! É melhor que o mundo nunca saiba. Sem ele, a Inglaterra estaria perdia, com ele, a Inglaterra esteve vezes sem conta à beira do desastre. Nunca tanto admirei e desprezei um homem simultaneamente. Extremos tão opostos nunca antes foram encontrados no mesmo ser humano”.

8. O LÍDER QUE CHORAVA
Sofreu de depressão clínica ao longo da vida, a que chamava “Black Dog” – o “Cão Negro” que o perseguia fielmente. Era sensível, com as emoções à flor da pele, e chorava frequentemente em reuniões em que recebia más notícias. Um destes episódios aconteceu na Casa Branca, em frente ao Presidente dos Estados Unidos. Quando lia os seus discursos na rádio, era frequente ouvir-se a voz embargada do primeiro-ministro, emocionado com as exortações que fazia ao povo britânico.

9. AMIGO DE ROOSEVELT
Manteve uma relação próxima com o Presidente norte-americano Franklin Roosevelt, na companhia de quem passou mais de 120 dias e com quem trocou mais de 1.700 cartas e telegramas. Quando os japoneses atacaram Pearl Harbor em 1941, o primeiro pensamento de Winston Churchill foi: “Ganhámos a guerra!”, tal a sua confiança no apoio militar norte-americano.



10. "OPERAÇÃO IMPENSÁVEL"
Com receio da ameaça do comunismo após a vitória na guerra, Churchill fez planos para um ataque surpresa contra a União Soviética. Chamado “Operação Impensável”, o plano contemplava o rearmamento de 100.000 antigos soldados nazis e teria espoletado a terceira guerra mundial quase antes do final da segunda.

11. A CORTINA DE FERRO
Apesar do termo já ter sido utilizado antes, Churchill foi responsável pela popularização do termo "cortina de ferro". Num telegrama para o Presidente norte-americano Harry S. Truman, em 1945, em que expressava a sua apreensão sobre as movimentações soviéticas, declarava: "Uma cortina de ferro está corrida ao longo da frente [soviética]. Não sabemos o que se passa por trás dela". A partir daí, as autoridades ocidentais referir-se-iam continuamente à "cortina de ferro" ao falar sobre a URSS.

12. ADORADO NAS RUAS, REJEITADO NAS URNAS
Embora tenha gozado de grande popularidade entre o povo britânico, não foi reeleito depois da II Guerra Mundial. Já foram para isto dadas muitas razões, mas a principal terá sido o desejo, disseminado entre a população, de reformas pós-guerra e a crença de que o homem que tinha liderado a Inglaterra em guerra não era o homem para a liderar em tempos de paz.

13. O PINTOR NA MADEIRA
Antes de se tornar primeiro-ministro pela segunda vez, em 1951, Churchill queria retirar-se para algum sítio que fosse “quente, com banhos, confortável e florido” onde pudesse pintar e trabalhar nas suas memórias de guerra. Um amigo sugeriu a Madeira, e recomendou que ficasse no Reid’s Palace Hotel, no Funchal. Reza a lenda que Churchill explorava a ilha de Rolls-Royce, com a mala do carro convertida em bar portátil. O social do hotel não lhe interessava – preferia pintar a vila de Câmara de Lobos, a poucos quilómetros do Reid’s.

14. O POLÍTICO NOBEL (DA LITERATURA)
Ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1953. Foi um autor prolífico, e escreveu um romance, duas biografias, três volumes de memórias e ainda vários livros de história sob a assinatura Winston S. Churchill. Ganhou o Prémio Nobel pela sua “mestria da descrição histórica e biográfica, tal como a sua brilhante oratória na defesa dos valores humanos”.

15. UM DUELO
Lady Astor, a primeira mulher deputada em Inglaterra, estava constantemente em conflito com Churchill. Durante um debate, declarou que, se se tivesse casado com ele, ter-lhe-ia envenenado o chá. Churchill respondeu: “Se eu fosse casado consigo, Madame, eu bebê-lo-ia”.

O 16. NÃO ME TIREM O CHARUTO
Quando o fotógrafo Yousef Karsh o retratou, retirou o charuto directamente da boca de Churchill, daí a cara de contrariedade no famoso retrato.

17.  A DEFINIÇÃO DE TACTO
Winston Churchill descreveu o tacto como a “capacidade de dizer alguém para ir para o Inferno de forma a que fiquem entusiasmados com a ideia da viagem”.

18. "OPERATION HOPE NOT"
No dia da sua morte, a 24 de Janeiro de 1965, Big Ben tocou as últimas badaladas às 9h45 e depois remeteu-se ao silêncio durante todo o dia. Qualquer coisa como 321.360 pessoas passaram, ao longo de três dias, em Westminster Hall, em Londres, para prestar homenagem ao estadista. As instruções para o funeral de Estado, ordenado pela Rainha Isabel II, chamavam-se “Operation Hope Not”. O número de chefes de Estado representados no funeral – 112 – apenas foi superado 40 anos depois, no funeral do Papa João Paulo II.

19. O EPITÁFIO
O epitáfio de Churchill declara: “Estou pronto para conhecer o meu Criador. Se o meu Criador está preparado para a grande provação de me conhecer, é outra história”.