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A nova história de Cuba pelos olhos de uma escritora

17 dez, 2014 • Maria João Costa

Karla Suarez, escritora cubana que reside em Lisboa, olha a história que Cuba começa a escrever.

Nasceu em Havana, já morou em Roma e Paris, mas é em Lisboa que vive actualmente. Karla Suarez autora de "Havana, ano zero" o livro que venceu em França o Prémio Carbet de La Caraibe et du Tout-monde, fala sobre o seu país, no dia em que Havana e Washington anunciaram o reatar das relações diplomáticas. Deste lado do Atlântico, a escritora, que estava antes de falar com a Renascença a ultimar um texto para um jornal italiano sobre os ventos de mudança que sopram desde esta quarta-feira em Cuba, afirma-se “muito contente”.

Karla Suarez explica que não pensa “nos perigos neste momento”, diz que “tudo pode ser bom, porque é uma abertura”. A escritora vai mais longe e afirma que “vai acabar um período da História e começar uma História diferente”. Ao mesmo tempo a autora de “Os rostos do Silêncio” considera que Cuba ainda vai ter de “esperar pelas verdadeiras mudanças”.

Sem o anúncio oficial do embargo económico dos Estados Unidos a Cuba, Karla Suarez refere que “às vezes há notícias, mas depois temos de esperar dois, três anos”. Esta cubana, seleccionada pelo jornal "El Mundo", em Espanha, como uma dos 10 melhores jovens escritores em 2000, lembra que “em Cuba há muitos anos que estamos à espera de muitas mudanças” mas conclui que “o tempo em Cuba é muito demorado”.

Formada em engenharia informática, Karla Suarez é actualmente coordenadora do Clube de Leitura do Instituto Cervantes de Lisboa. A autora gosta de olhar para as pequenas histórias do dia-a-dia. Ela que esteve recentemente em Havana lembra as dificuldades de fazer um telefonema, do ter acesso à internet. A escritora desabafa que quando esteve em Cuba “foi como estar fora do mundo”.

Questionada sobre o simbolismo do aperto de mão entre Barack Obama e o líder cubano Raul Castro nas cerimónias fúnebres de Nelson Mandela, Karla Suarez fala de um “twitt”. Para a escritora de “A viajante”, aquela foi “uma pequena mensagem para dizer que aqui pode acontecer alguma coisa, ou temos de ser nós a começar a fazer a mudança”.

A autora, que está a escrever um novo romance sobre o tempo da Guerra Fria, diz que o novo momento que Cuba está a viver a partir de agora, tem matéria para um futuro livro seu.