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Ex-guarda-costas acusa Fidel Castro de querer controlar recursos de Angola

24 out, 2014

Juan Reinaldo Sánchez protegeu o líder cubano durante 17 anos. Agora, vai lançar um livro onde também envolve Fidel com o narcotráfico.

Ex-guarda-costas acusa Fidel Castro de querer controlar recursos de Angola

O líder da revolução cubana Fidel Castro queria controlar os vastos recursos naturais de Angola e estava envolvido no tráfico de droga, acusa o seu antigo guarda-costas Juan Reinaldo Sánchez.

Autor do livro "A Face Oculta de Fidel Castro", que vai ser lançado em Portugal na quarta-feira, Juan Reinaldo Sánchez garante, em declarações à agência Lusa, que "Fidel Castro não queria apenas o petróleo, mas também outros recursos naturais de Angola”.

O guarda-costas diz que a morte de Agostinho Neto, que apelida de “aliado incondicional” do regime de Havana, estragou os planos a Fidel, porque o sucessor “José Eduardo dos Santos não lhe deu essa possibilidade” de controlar os recursos angolanos.

Cuba participou na guerra civil de Angola com milhares de soldados que combateram ao lado do MPLA. Juan Reinaldo

"Fidel Castro dizia que ia levar de Angola apenas os mortos, mas não foi assim. Eu vi no gabinete de Fidel Castro uma caixa de tabaco repleta de diamantes", relata Juan Reinaldo Sánchez. 
 
"Fidel, através do seu ajudante José Naranjo e do secretário Chomy, mandou vender esses diamantes e depositar o dinheiro nas suas contas bancárias fora de Cuba", conta o homem que foi guarda-costas do Presidente cubano durante 17 anos.

“Afinal, quem dirigia o tráfico era Fidel”
Sanchéz, de 65 anos, começou a ser "vigiado" porque a família abandona Cuba e é finalmente detido após ter pedido a reforma, em 1994.
 
Consegue fugir do país em 2008 a bordo de uma balsa em direcção à costa mexicana, onde iniciou o exílio e recordou que começou a ficar "profundamente  desiludido" com o líder histórico cubano depois de se ter apercebido de  que Fidel coordenava uma rede de tráfico de droga. 
 
"Fidel era o meu deus. Não era o homem pelo qual estava preparado a dar a minha vida, mas muito mais: no fundo estava inclusivamente desejoso de dar a minha vida por Fidel mas um dia ouço uma conversa entre o ministro do Interior, José Abrantes, e o presidente, em que me dou conta que Fidel está a dirigir tudo. Fiquei em choque. Senti-me utilizado, enganado porque afinal eu estava a tomar conta de um narcotraficante", acusa Sánchez. 
 
O autor do livro "A Face Oculta de Fidel Castro" recorda que, até essa altura, Fidel Castro dizia que as acusações eram uma "manobra do imperialismo" e que Cuba era o país que tinha menos problemas de droga de todo o continente.  
 
"Afinal quem dirigia o tráfico era Fidel. Para financiamento da revolução e para ele mesmo, para proveito pessoal para as suas contas no exterior", garante.

Juan Reinaldo Sánchez acompanha a situação em Cuba a partir de Miami, nos Estados Unidos, mas não acredita em mudanças em Havana até porque a oposição e os dissidentes não estão organizados. 
 
"O terror do Governo cubano é que haja unidade na dissidência", conclui o antigo guarda-costas de Fidel Castro.