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Medo da Catalunha. Rajoy critica referendos pela independência

17 set, 2014

O primeiro-ministro espanhol, que lidera uma política de austeridade, diz que os referendos pela independência "fazem aumentar a pobreza e a recessão". Pretensões da Catalunha continuam a incomodar Madrid.

Medo da Catalunha. Rajoy critica referendos pela independência
O primeiro-ministro de Epanha, Mariano Rajoy, diz que os referendos na Escócia e na Catalunha "são um torpedo na linha de flutuação Europeia", considerandio ainda que eles afectam "a dívida pública e a moeda e provocam recessão e pobreza". 

Citado pelo jornal espanhol “El Mundo”, Rajoy respondeu desta forma, esta quarta-feira, no Parlamento, a uma questão colocada pelo Partido Nacionalista Vasco (PNV) sobre as consequências da consulta popular que se realiza amanhã na Escócia.

O porta-voz do PNV, Aitor Esteban, elogiou o primeiro-ministro britânico por permitir a realização do referendo e apelou a Rajoy que "seja um democrata", considerando que "é possível e legal uma consulta na Catalunha".

“Não vou comentar o que se vai passar amanhã na Escócia, mas digo-vos que falei com os 28 Estados-membros da União Europeia e nenhum manifestou entusiasmo por este tipo de processos. Eles entendem, e eu também, que esta situação é má para a região, para o Estado em questão e para o conjunto da União Europeia, e que afecta a riqueza, o emprego e o bem-estar de todos os cidadãos e a própria essência da União”, referiu.

O governante afirmou que, em caso de vitória de um 'sim' aplica-se o regulamento da União Europeia (UE) que obriga ao início de um processo de integração do novo Estado. Além de se tratar de um processo moroso - deverá demorar, "em média, oito anos" - a UE dará "muito poucas facilidades" aos territórios que se separem e que queiram integrar a União, diz.

Duas pretensões diferentes
Rajoy sustenta, contudo, que "há muitas diferenças entre o processo escocês e o espanhol", sendo uma delas o facto de a Escócia quase não ter competências em comparação com a Catalunha e outras comunidades autónomas de Espanha.

Na quinta-feira, os escoceses decidem se querem continuar no Reino Unido ou assumir a independência. A Catalunha segue atenta o que se passa nas "highlands" e espera poder vir a fazer a mesma escolha.

Há pontos de comparação entre as pretensões escocesas e catalãs, mas não de casos propiramente idênticos. O referendo escocês é legal, enquanto que, no caso da Catalunha, nem sequer é claro o que se a consulta seria constitucionalmente legal. Outra diferença de peso: na Escócia, decidem os locais, na Catalunha todos os espanhóis teriam de votar.

O ministro dos Negócio Estrangeiros espanhol, José Manuel García-Magallo, afirmou, na terça-feira, que o Governo espanhol vai tentar impedir o referendo de 9 de Novembro sobre a independência da Catalunha, o que pode passar por suspender as autonomias administrativas na região.