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Generais angolanos exigem indemnização de 900 mil euros a jornalista

20 ago, 2014

Rafael Marques é considerado uma voz incómoda para o Governo de Luanda.

Sete generais angolanos e uma empresa mineira exigem uma indemnização de 900 mil euros ao activista e jornalista angolano Rafael Marques. É acusado de "denúncia caluniosa".

"Fui formalmente notificado do julgamento que vai ser realizado nos próximos dias ou nas próximas semanas. Tinha de assinar um documento para o juiz marcar a data do julgamento e basicamente para tomar conhecimento da acusação formal que pende contra mim", disse à agência Lusa Rafael Marques que compareceu, na terça-feira, no Tribunal Provincial de Luanda.

A indemnização é exigida pelos generais Hélder Vieira Dias "Kopelipa", actual ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança da Presidência da República angolana, Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva, Adriano Makevela Mackenzie, João Baptista de Matos, Armando da Cruz Neto, Luís Pereira Faceira e António Emílio Faceira e a Sociedade Mineira do Cuango.

De acordo com o activista angolano, a nova queixa formalizada terça-feira pelos generais é baseada no relatório de arquivamento da Procuradoria-Geral da República relativamente a uma outra queixa que foi apresentada pelo jornalista em 2011 contra os mesmos oficiais, "por suspeitas de crimes contra a humanidade".

Rafael Marques escreveu o livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola", publicado em Portugal, em 2011.

No livro, o jornalista acusou de "crimes contra a humanidade" vários generais angolanos, após uma investigação iniciada em 2004 e documenta casos de homicídio e tortura contra os habitantes na região diamantífera das Lundas.

No ano passado, Rafael Marques recebeu o prémio “Integridade”, um galardão da Transparency International destinado a distinguir personalidades ou organizações que se tenham notabilizado na luta anti-corrupção. Lançado em 2000, o prémio não tem valor monetário.