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Vídeo divulgado pelos jihadistas pode ter sido filmado há anos

20 ago, 2014

Loureiro dos Santos admite que as imagens da execução do jornalista norte-americano tenham sido estrategicamente guardadas, à espera de um momento tido por conveniente para as divulgar.

O general Loureiro dos Santos admite que o vídeo mostrado pelo Estado islâmico, no qual é exibida a execução do jornalista norte-americano James Foley, desaparecido há dois anos na Síria, tenha sido feito há anos.

Em declarações à Renascença, o general afirma que o vídeo que os jihadistas divulgaram  terça-feira foi estrategicamente guardado para momentos como este. A autenticidade das imagens do vídeo intitulado “Uma mensagem para a América” ainda não foi, contudo, confirmada.

"Depois de mais forte, organizado, rico e poderoso, o Estado islâmico serve-se agora do trabalho de informação feito na Síria para assustar os americanos e os jornalistas e mostrar a todos os seus seguidores que, apesar de estarem a ser combatidos pelos Estados Unidos, são capazes de retaliar e atingir o país, de tal forma que já decapitaram um dos seus jornalistas", diz Loureiro dos Santos.

Para o especialista, "o que se deve ter passado é que este grupo mesmo tenha estado a combater contra Bashar al-Assad na Síria, onde deve ter conseguido aprisionar o jornalista e degolá-lo, deixando o vídeo em arquivo".

O general lembra ainda que o actual chefe do Estado islâmico era um dos adjuntos principais do chefe da Al-Qaeda, Abu Musab al-Zarqawi, que combateu os Estados Unidos no Iraque. "A habilidade de Zarqawi consistia num excelente departamento de informação, que acompanhava os líderes nas operações e depois espalhava vídeos nas redes sociais e páginas na internet seguidas por simpatizantes extremistas", afirma.

Quem financia este conflito?
"A este Estado islâmico não falta dinheiro" para a guerra, diz ainda o general Loureiro dos Santos.

Os jihadistas "começaram a ser armados e financiados pela Arábia Saudita, mas agora a sua riqueza maior é aquela que resulta da conquista das cidades e de material de guerra do adversário, fornecido pelos Estados Unidos, que é bom material”, além da exploração dos poços de petróleo, que é vendido ao mercado internacional.

James Foley fazia reportagem, há vários anos, no Médio Oriente. Foi raptado por um grupo não identificado, a 22 de Novembro de 2012, quando fazia a cobertura da guerra civil na Síria.

Os Estados Unidos têm prestado apoio aéreo às forças iraquianas e curdas na guerra contra os jihadistas que controlam partes da Síria e do Iraque e que têm espalhado o terror na região, particularmente entre as minorias cristã e yazidi.

Quem são e o que querem os jihadistas que lançam o caos no Iraque?