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Curdos passam à ofensiva contra o Estado Islâmico

06 ago, 2014

As notícias que chegam do terreno ocupado pelos islamitas no norte do Iraque são dramáticas, com centenas de milhares de refugiados e pessoas a morrer de sede nas montanhas.

Curdos passam à ofensiva contra o Estado Islâmico
Os soldados do Governo Regional do Curdistão, no Iraque, passaram à ofensiva e esta quarta-feira atacaram militantes do Estado Islâmico que se encontram na localidade de Makhmur, a 40 quilómetros de Arbil, a capital da região autónoma curda.

“Mudámos de táctica. Passámos da defesa à ofensiva. Estamos agora a combater o Estado Islâmico em Makhmur”, garantiu um oficial curdo.

Durante o fim-de-semana os islamitas do Estado Islâmico atacaram vários pontos sob o controlo dos curdos na região da planície do Nínive, disputada pelo Curdistão e o Governo Federal do Iraque. Depois de terem desbaratado o exército iraquiano em Mossul, que ocuparam em Julho, os militantes infligiram duras derrotas aos Peshmerga, como são apelidados os militares curdos, que têm fama de serem mais disciplinados e bem organizados que os seus congéneres iraquianos.

Várias cidades e vilas caíram às mãos dos islamitas no Sábado e no domingo, muitas delas povoadas na maioria por cristãos ou membros de outras minorias religiosas, como os yazidis, os mandeus ou os shabaks.

Na terça-feira um oficial curdo garantiu que as vitórias dos islamitas eram um mero percalço e que os curdos iriam reorganizar-se e varrer o Estado Islâmico para fora das regiões ocupadas, incluindo Mossul. No mesmo dia o PKK, o movimento curdo que combate o Governo turco há três décadas, apelou à união de todos os curdos para combater os islamitas. Entretanto o Governo curdo anunciou o retomar da cooperação militar com o Governo Federal do Iraque.

Para além de notícias de centenas de milhares de refugiados, a caminho de zonas seguras na Síria ou no Curdistão, há ainda relatos de centenas de execuções sumárias de homens de minorias religiosas que se recusem a converter-se ao Islão e a raptar mulheres e crianças que depois são, segundo activistas, vendidas a militantes islamitas.

Mas talvez o caso mais preocupante seja o de cerca de 50 mil yazidis que se refugiaram no Monte Sinjar, onde se encontram sitiados há três dias sem comida nem água. Várias pessoas, incluindo mulheres e crianças, já morreram de sede e a situação está a alarmar a comunidade internacional e as agências humanitárias que trabalham no terreno.