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Admitir a Guiné Equatorial na CPLP é “inaceitável”, diz Adriano Moreira

23 jul, 2014

Sem votação mas com consenso, a Guiné Equatorial já faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Adriano Moreira, antigo presidente do CDS e especialista em Relações Internacionais, considera “absolutamente inaceitável” a inclusão da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O “regime político” ditatorial, a sua “relação com os direitos do homem” e a fraca presença da língua portuguesa no país configuram um “desvio” à essência da CPLP, diz Adriano Moreira à Renascença.

“A CPLP é um valor tão importante para o futuro português que tudo aquilo que ofenda a essência do pensamento que organizou a CPLP pode prever-se que põe em risco interesses portugueses fundamentais porque muda a natureza da organização”, defende.

Questionado sobre se aceitar a Guiné Equatorial como membro da CPLP prejudica a autoridade moral para condenar regime ditatoriais, Adriano Moreira respondeu: “É uma boa pergunta para fazer ao ministro dos Negócios Estrangeiros”.

O professor lamenta ainda que não tenha existido uma séria reflexão sobre este momento.

A Guiné Equatorial foi admitida esta quarta-feira na CPLP, terminando assim um processo que começou há dez anos.

A CPLP definiu algumas condições para o país poder entrar na CPLP, entre as quais a abolição da pena da morte e a adopção do português como língua oficial, medidas que o governo do país já implementou.

Ainda assim, a entrada da Guiné Equatorial tem sido muito contestada sobretudo devido à falta de transparência política no país. O Presidente Teodoro Obiang está no poder há 40 anos e o regime é considerado uma ditadura, com frequentes queixas de desrespeito pelos direitos humanos.