Emissão Renascença | Ouvir Online

"Não há lugares seguros para civis em Gaza", dizem Nações Unidas

22 jul, 2014

Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza depois de um soldado ter sido alegadamente capturado pelo Hamas.

"Não há lugares seguros para civis em Gaza", dizem Nações Unidas
"Não há literalmente nenhum lugar seguro para os civis" em Gaza, alerta o porta-voz das Nações Unidas, Jens Laerke, numa conferência de imprensa em Genebra, durante a qual foi traçado um cenário trágico na Faixa de Gaza. 

Nos últimos 15 dias, desde que começou a ofensiva terrestre israelita, quase 550 pessoas, a maioria civis e incluindo 121 crianças, perderam a vida numa zona com 360 metros quadrados e onde residem mais de um milhão e meio de pessoas.

Do lado israelita, são reportadas 29 mortes, entre as quais as de dois civis.

De acordo com a UNICEF, 900 crianças foram feridas. Jens Laerke dá ainda conta de que, pelo menos, "107.000 crianças sofreram traumas relacionado com a morte, ferimento ou perda de casa.”

Mais de 1,2 milhões de pessoas em Gaza não têm acesso ou têm acesso limitado a água, uma vez que os canais de distribuição foram danificados ou têm falta combustível para os geradores. Para piorar a situação, os esgotos começaram a inundar a cidade, levantando um grave problema de saúde pública.

Foram distribuídas refeições de emergência a mais de 90.000 pessoas durante o conflito, mas uma porta-voz do Programa Alimentar Mundial alerta para o facto de a comida começar a escassear, à medida que cada vez mais pessoas precisam de ajuda.

Com 18 instalações médicas, incluindo três hospitais, severamente danificados, também o abastecimento de medicamentos e material hospitalar “estão em sério risco de esgotar”, alerta a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Trégua humanitária cancelada

Para esta terça-feira estava prevista a realização de uma nova trégua humanitária. No entanto, não se realizou uma vez que a troca de argumentos armados voltou a fazer-se sentir.

Israel fez novo bombardeamento depois do desaparecimento e presumível morte de um soldado israelita. O soldado terá sido capturado pelo Hamas este domingo. O movimento palestiniano assumiu a responsabilidade do acto mostrando uma foto de identificação e número de série da arma, sem mostrar efectivamente o militar capturado.

Entretanto, continuam os esforços diplomáticos. O secretário das Nações Unidas, Ban Ki-moon, é esperado em Israel esta terça-feira e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, enviado por Barack Obama, encontra-se com o ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, no Cairo, onde vai ficar até quarta-feira.

Na crise de 2012, o Egipto foi a chave da resolução do conflito, mas agora o novo Governo do país é abertamente hostil para com o Hamas, factor que complica as negociações.

Kerry anunciou ainda que os Estados Unidos vão facultar 47 milhões de dólares (quase 35 milhões de euros) de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

O Hamas já manifestou a intenção de não cessar as hostilidades até que as suas exigências sejam cumpridas, nomeadamente que Israel e o Egipto levantem o bloqueio em Gaza.

É também exigida a libertação de centenas de palestinianos, detidos durante as buscas pelos três estudantes israelitas que foram posteriormente encontrados mortos.

Sem escape
Em Gaza, continuam a ver-se nuvens de fumo negro e destroços de mísseis israelitas a cair perto da costa. Milhares de pessoas tentam abandonar a zona de maior impacto, dirigindo-se a distritos mais perto da fronteira. O acesso a Israel e ao Egipto está vedado.

Cerca de 100 mil pessoas já procuraram abrigo em escolas, um número que aumentou em cinco vezes nos passados cinco dias.

O Hamas e os seus aliados dispararam "rockets" dirigidos ao sudoeste e centro de Israel fazendo disparar as sirenes de ataque aéreo em Tel Aviv. Um dos mísseis atingiu uma cidade vizinha, provocando dois feridos ligeiros.

Israel e Palestina. A que se deve a escalada de violência?