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Marinha encontra 30 corpos em barco de imigrantes junto à Sicília

30 jun, 2014

Número de imigrantes a tentar entrar ilegalmente em Itália triplicou em 2013. D. Jorge Ortiga diz que é preciso uma solução política, focada em África.

Cerca de 30 corpos foram encontrados a bordo de um barco com imigrantes, no Canal da Sicília, que separa Itália da costa norte de África, de acordo com agências italianas.

Os corpos foram descobertos, esta madrugada, quando as equipas de resgate subiram a bordo do pesqueiro que transportava cerca de 590 refugiados e/ou imigrantes, para proceder à retirada imediata dos que inspiravam mais cuidados, grupo em que se incluíam duas grávidas.

Uma operação para rebocar o barco, conduzida pelo Navio Grecale, da Marinha italiana, estava em curso, pelo que se espera que a embarcação alcance Pozzallo, na zona de Raguse, localizada no sudeste da Sicília, durante o dia.

Aparentemente as pessoas terão morrido de asfixia, pois estavam amontoadas numa parte estreita da embarcação.

Desde a passada, embarcações da Marinha e da Guarda Costeira socorreram sete barcos e salvaram 1.654 pessoas oriundas do litoral africano.

O dispositivo "Mare Nostrum", militar e humanitário, foi lançado em Outubro de 2013 pelo Governo italiano para reforçar a vigilância e segurança no Mediterrâneo, depois do acidente no início desse mês, em que morreram 339 imigrantes quando tentavam alcançar Lampedusa.

A operação italiana, que também passou a usar aviões não tripulados (drones) para localizar barcos suspeitos, juntou-se a iniciativas europeias como o “Frontex”, mas para o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana a solução para o problema da imigração.

“A Igreja tem alertado de muitas maneiras, através da palavra e através da presença. Mas estamos num mundo marcado por uma certa insensibilidade, que não quer ver esta situação e apostar no desenvolvimento destes países, para que as pessoas possam ter uma vida mais digna”, disse D. Jorge Ortiga à Renascença.

“Estou convencido que é preciso uma solução política, focada em África. É essencialmente uma atenção dos povos mais desenvolvidos, alertando os Governos dos países de África para que eles criem condições de vida para todos e não só para alguns. Os bens existem, a riqueza está lá, ninguém o ignora e por isso mesmo é necessário que a sociedade mundial levante a sua voz e crie uma mentalidade diferente”, considera.

O número de imigrantes a entrar ilegalmente em Itália triplicou em 2013, devido, em grande parte, pela instabilidade no Norte de África e no Médio Oriente, com a "Primavera Árabe".

[Notícia actualizada às 11h27]