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Rússia avisa que pode “retaliar” na Ucrânia

23 abr, 2014 • Filipe d’Avillez

Para Moscovo, os cidadãos de etnia russa que vivem na Ucrânia são encarados como nacionais russos. Lavrov é claro ao dizer que “um ataque contra os russos é um ataque contra a Rússia”.  

Rússia avisa que pode “retaliar” na Ucrânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, avisou, esta quarta-feira, que o seu país poderá “retaliar” se os interesses dos seus cidadãos forem atropelados.

Lavrov é citado por um jornal russo a lançar o aviso, claramente dirigido à Ucrânia, no dia seguinte ao presidente interino deste país ter dito que Kiev vai relançar a operação antiterrorista, que pretende recuperar o controlo dos territórios no Leste do país, ocupados por militantes pró-russos.

A retórica de Lavrov vem incendiar ainda mais o ambiente entre a Rússia e a Ucrânia e o ocidente e faz lembrar os argumentos usados o mês passado por Vladimir Putin para justificar a anexação da Crimeia.

Para Moscovo, os cidadãos de etnia russa que vivem na Ucrânia são encarados como nacionais russos e Lavrov é claro ao dizer que “um ataque contra os russos é um ataque contra a Rússia”.

Nesta base, a Rússia pode afirmar que a operação das forças armadas ucranianas é um ataque contra si, uma vez que o objectivo é desarmar grupos de militantes pró-russos.

Noutra afirmação ao mesmo jornal, o ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que não há razões para não acreditar que os Estados Unidos estão por detrás dos eventos na Ucrânia.

Washington, entretanto reforçou os seus contingentes nos países vizinhos da Ucrânia, com treinos militares.

A situação de crise na Ucrânia começou em Novembro de 2013, quando se iniciaram os protestos contra o Governo pró-russo de Yanukovich. A queda e subsequente fuga do presidente, em Fevereiro, levou à alteração da instabilidade para regiões de maioria russa, na Crimeia e no leste do país.

Moscovo condenou o golpe que derrubou Yanukovich e apressou-se a reconhecer o direito da Crimeia à autodeterminação, aceitando posteriormente o pedido de adesão à Federação Russa. Apesar de terem dito várias vezes que não pretendem intervir na Ucrânia, Putin e Lavrov também já afirmaram que se reservam ao direito de defender os interesses das populações de etnia russa caso seja necessário.

Com o fim da trégua pascal anunciada por Kiev, e o retomar das operações contra os separatistas, espera-se um aumento da tensão e possivelmente da violência no Leste da Ucrânia.