Vitória da Rússia no referendo na Crimeia dada como garantida

Mais do que um referendo, o plebiscito que vai ocorrer no domingo na região ucraniana da Crimeia é uma decisão já tomada pelas forças pró-russas, que tomaram o parlamento regional, depois da mudança de Governo em Kiev.

Neste processo, além da legitimidade que se pode questionar, vão levantar-se as maiores dúvidas em relação à transparência da consulta popular, tendo em conta as condições em que é realizada.

Nas ruas, aquilo que por norma se chama campanha só mostra o lado pró-russo – o único que se vê e ouve, ainda assim de modo bastante discreto. São poucos os cartazes espalhados pela capital, Simferopol. Nada comparado com uma campanha eleitoral em Portugal.

O lado pró-ucraniano, ou de quem no referendo pense votar contra a adesão da Crimeia à Rússia, está completamente ausente da campanha. Não se vê qualquer cartaz a defender uma alternativa.

Por isso, sem surpresas, a votação do referendo de domingo deve indicar que a população defende a adesão da região à Rússia.

E a verdade é que, se o referendo fosse levado a cabo em situações normais, talvez o resultado fosse semelhante, dado que a população da Rússia representa a maioria da população da Crimeia. Os ucranianos são uma minoria e a comunidade tártara também.

Recorde-se que em 1991, depois do fim da União Soviética, houve um referendo na região em que a maioria defendeu a independência da Ucrânia.