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Desaparecimento de avião malaio pode ter sido por atentado

08 mar, 2014 • Filipe d’Avillez

Na China aumenta a especulação de que separatistas de etnia uighur possam ter feito despenhar o avião com destino a Pequim, que transportava 239 pessoas.  

Enquanto continuam as buscas pelo avião da Malaysian Airlines aumenta também o espectro de a sua eventual queda ter sido causada por um atentado.

Uma série de factores estão a alimentar essa especulação, incluindo a divulgação por parte da China de uma lista de passageiros em que dois dos nomes dos cidadãos chineses estão apagados. A imprensa chinesa especula que esse facto indica que se trata de pessoas suspeitas que poderiam ser identificadas pelo nome.

A ter sido um incidente causado por terroristas chineses, as suspeitas recaem sobre separatistas de etnia uighur. Os uighur são muçulmanos e queixam-se de discriminação e opressão por parte da China. Caso houvesse uighures a bordo, os seus nomes seriam identificáveis pelas autoridades chineses, o que poderá explicar o facto de terem sido apagados do registo de passageiros publicado pelas autoridades. 

Na semana passada, um grupo de activistas desta região chinesa levou a cabo um atentado numa estação ferroviária na China matando, com facas e cutelos, cerca de 30 pessoas. Pelo menos quatro dos terroristas foram mortos pelas autoridades, com outro a ser capturado vivo.

Outros factores do desaparecimento deste avião da Malaysian Airlines também podem indicar um acto terrorista. A companhia insiste que não recebeu qualquer alerta de perigo ou pedido de socorro, tendo simplesmente perdido contacto com a aeronave, duas horas depois de ter levantado voo. O tempo estava bom, pelo que o incidente de origem atmosférica também não é provável. Um desaparecimento nestas condições, sem qualquer aviso ou alerta, é considerado “muito pouco comum”, segundo especialistas de avião.

Acresce o excelente historial de segurança por parte da Malaysian Airlines.

Contudo, a confirmar-se a tese de atentado, isto representa uma escalada nos métodos dos uighur. Não há memória de uma iniciativa desta magnitude, embora o mesmo se possa dizer do atentado na estação ferroviária do passado domingo.

Há ainda dois outros factos que estão a intensificar o mistério à volta do voo. Duas das pessoas que foram identificadas como estando a bordo do avião, um italiano e outro austríaco, já fizeram saber que estão vivos e de boa saúde. O homem italiano telefonou aos seus familiares para dizer que se encontra bem, na Tailândia, e o Governo austríaco já confirmou que o seu cidadão, alegadamente no voo, nunca saiu da Áustria. Em comum, ambos os homens confirmam que os seus passaportes foram roubados. No caso do passaporte austríaco, o roubo teve lugar há dois anos, na Tailândia.

O avião da Malaysian Airlines tinha 239 pessoas a bordo, a maioria das quais chinesas.

[Actualizado às 15h23 com informação sobre os cidadãos europeus alegadamente a bordo do voo, que afinal não estavam]