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Ocidente obrigado a ajudar a Ucrânia?

02 mar, 2014 • Filipe d’Avillez

Em 1994 a Ucrânia aceitou desmantelar todo o seu arsenal nuclear em troca de garantias de ajuda a preservar a sua integridade territorial por parte dos Estados Unidos, Reino Unido e… Rússia.  

Ocidente obrigado a ajudar a Ucrânia?
Vários países ocidentais têm criticado a Rússia pela intervenção militar na Crimeia, mas o consenso parece ser de que não há possibilidade de oposição armada a uma eventual invasão.

A Ucrânia já coloco as suas forças armadas em estado de alerta, mas ao mesmo tempo admitiu que não tem capacidade de resistir ao exército russo. Simultaneamente o Governo pediu “acções concretas” por parte dos países ocidentais para impedir a violação da sua soberania por parte da Rússia.

Mas terá o ocidente alguma obrigação para intervir em defesa da Ucrânia? A verdade é que pelo menos os Estados Unidos e o Reino Unido têm, ao abrigo de um acordo assinado com Kiev em 1994.

Para compreender melhor é preciso recuar até à fragmentação da União Soviética. Nessa altura, com a independência, a Ucrânia viu-se na posse do terceiro maior arsenal nuclear do mundo, herdado do exército vermelho.

Mas Kiev aceitou abdicar de todo este armamento, que era maior que os arsenais do Reino Unido, França e China juntos, em troca de uma garantia de protecção por parte de três estados: EUA, Reino Unido e a Rússia.

Uma vez que a Crimeia já fazia parte do território ucraniano nessa altura, com a intervenção russa pode-se concluir que o Reino Unido e os Estados Unidos têm a obrigação de ajudar Kiev, de todas as formas possíveis, a manter a soberania sobre a Crimeia.

Contudo, uma intervenção militar ocidental em auxílio da Ucrânia é muito pouco provável, sendo mais expectável que os países ocidentais continuem a exercer pressão diplomática, política e económica.

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