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Cargos de ex-ministros suscitam dúvidas de transparência

13 jan, 2014

FMI, OCDE e Goldman Sachs podem ser os destinos de três antigos governantes. O vice-presidente da Associação Transparência e Integridade, Paulo Morais, considera que esta situação levanta sérias dúvidas, embora distinga os casos.

Três antigos ministros podem estar de malas aviadas para altos cargos internacionais. Segundo a imprensa, Vítor Gaspar está a concorrer para o departamento de política fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI), Álvaro Santos Pereira para um cargo na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e José Luís Arnault foi contratado pela Goldman Sachs.

São todos ex-governantes e não há nada do ponto de vista legal que os impeça, mas estes casos levantam novas dúvidas sobre as relações entre o sector público e o privado. A oposição também já se insurgiu.

O vice-presidente da Associação Transparência e Integridade considera que esta situação levanta sérias dúvidas, embora distinga os casos. Para Paulo Morais a contratação de José Luís Arnaut é a mais grave.

“Ele foi e é um político importante na área do PSD. O convite que a Goldman Sachs lhe faz visa utilizar a influência política que tem em Portugal no sentido de ter ganhos de causa para um grupo económico privado. Portanto, é um caso claro de promiscuidade entre a política e os negócios”, explica à Renascença.

Já os lugares a que concorrem os ex-ministros Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira são sujeitos a concurso e, por isso, Paulo Morais acredita que se trata de casos que devem ser vistos de forma diferente. “É evidente que quem exerce cargos em determinado Governo está em permanente situação de poder beneficiar esta ou aquela organização. Mas isso é particularmente mais grave quando se dá com grupos económicos privados, apesar de tudo com as organizações internacionais esse tipo de benefício é mais transparente”.

O antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar candidatou-se a um alto cargo no FMI. O processo de selecção fica fechado em Fevereiro.

Já Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia e do Emprego, tem como destino Paris onde deve assumir a liderança do departamento da OCDE, que faz a ponte com os ministérios das Finanças e Economia dos países-membros.

José Luís Arnault, que foi ministro-adjunto no Governo de Durão Barroso e desempenhou ainda o cargo de ministro das Cidades e Administração Local, terá sido escolhido para integrar o conselho consultivo internacional da Goldman Sachs.