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O homem que ensinou a perdoar

05 dez, 2013 • Sofia Vieira

Tinha a sabedoria da paz. Preferiu a reconciliação ao ódio e devolveu a África do Sul à comunidade internacional. Esteve apenas cinco anos no poder efectivo, mas promoveu o perdão e conseguiu unir um país ferido por décadas de apartheid. Nelson Mandela morreu.

O homem que ensinou a perdoar
Recorde a história e o percurso do líder histórico anti-apartheid e primeiro presidente negro da África do Sul. Nobel da Paz, esteve quase três décadas preso e tornou-se um dos símbolos da luta pelos direitos humanos. "Madiba" morreu esta quinta-feira, junto da família, depois de vários meses em estado grave.

"A luta é a minha vida." A frase de Nelson Mandela, que morreu esta quinta-feira aos 95 anos, resume a sua existência. Depois de vários meses em estado grave, faleceu em casa, junto da família. A notícia foi avançada ao país pelo actual presidente sul-africano, Jacob Zuma.

Nelson Mandela nasceu a 18 de Julho de 1918, numa família nobre da tribo Xhosa, numa aldeia no interior do país. Aos 23 anos, rumou a Joanesburgo, onde se envolveu na vida política. Viria a tornar-se o político mais galardoado em vida.

Foi durante os seus anos de estudante de direito que começou a opor-se ao apartheid, o regime racista que negava direitos políticos, sociais e económicos à maioria negra. Juntou-se ao Congresso Nacional Africano (ANC) em 1942 e em 1961 tornou-se comandante do braço armado do ANC.

Em Agosto de 1962, foi condenado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente para o exterior e incentivar greves. Em 1964, foi condenado a prisão perpétua. No decorrer dos 26 anos seguintes, tornou-se um símbolo da luta pela liberdade e pelo fim do regime de segregação racial na África do Sul.

Graças à luta do ANC e à pressão da comunidade internacional, acabou por ser libertado por ordem de Frederik de Clerk, a 11 de Fevereiro de 1990. Os anos de cativeiro transformaram-no de líder de guerrilha em defensor da não-violência.

Em 1991, Nelson Mandela foi eleito presidente do ANC. Dois anos depois, venceu o Prémio Nobel da Paz, em conjunto com Frederik de Klerk. Nesse ano, passou por Portugal em visita.

Previsivelmente, venceu as primeiras eleições em que os negros tiveram direito ao voto, em 1994, e esteve cinco anos à frente dos destinos do país. Presidiu a um processo de transição que apostou fortemente na reconciliação, no apuramento dos factos e no apelo ao perdão por parte das vítimas, para permitir um futuro de paz. Foi o primeiro presidente negro da África do Sul.

Aos 85 anos, em Junho de 2004, anunciou a saída da vida pública. As Nações Unidas, em reconhecimento pelo seu trabalho em favor da paz, criaram o dia internacional de Nelson Mandela, assinalado desde 2010 a 18 de Julho, dia do seu nascimento.

Nelson Mandela morreu esta quinta-feira, 95 anos depois de ter nascido.