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"Ninguém quer um país pobre", mas "o ideal era que os salários descessem"

07 mar, 2013

António Borges, que é consultor do Governo, sustenta que o valor actual do salário mínimo (485 euros) deve ser mantido como está, mas refere que o combate ao desemprego podia ser mais eficaz se os vencimentos fossem reduzidos.

"Ninguém quer um país pobre", mas "o ideal era que os salários descessem"
O consultor do Governo para as privatizações considera que "a primeira prioridade", tendo em conta "as dificuldades com que as pessoas se defrontam hoje em dia, é voltar a pô-las a trabalhar, é encontrar postos de trabalho". António Borges defende que "isso não se faz tornando o posto de trabalho mais caro" e diz que "o ideal era que os salários descessem".

"Ninguém quer um país de gente pobre, toda a gente quer um país próspero. Mas, antes disso, temos uma emergência nas mãos e a emergência é uma taxa de desemprego acima dos 17%", argumenta António Borges em entrevista à Renascença. O consultor de Passos Coelho refere que "o ideal era que os salários descessem como aconteceu noutros países como solução imediata para resolver o problema do desemprego".

O consultor do Governo diz ainda que não há informações de que a eventual redução do salário mínimo esteja a ser negociada entre o Governo e a "troika". A este propósito, o ex-responsável do Fundo Monetário Internacional para a Europa afirma que "a única medida que se podia tomar nesta altura é manter o salário mínimo como está e o primeiro-ministro tem toda a razão em dizer que não temos outra opção".

O tema do aumento ou redução do salário mínimo nacional, actualmente nos 485 euros, tem marcado o debate recente entre o Governo e o maior partido da oposição. Esta quarta-feira, no Parlamento, António José Seguro insistiu que patrões e sindicatos estão disponíveis para discutir o aumento do ordenado mínimo.

Por sua vez, Pedro Passos Coelho rejeita debater o aumento do salário mínimo na actual fase da economia portuguesa. Usando o exemplo da Irlanda, onde o salário mínimo é actualmente de 1.462 euros, Passos Coelho defende que quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, "a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta".