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Droga chega cada vez mais pelo ar. Faltam radares e cooperação

05 fev, 2013 • Pedro Mesquita

Último relatório da Europol e do Centro Europeu de Monitorização da Droga e da Toxicodependência revela que cerca de 30 avionetas caíram em Portugal, Espanha e Marrocos desde 2007.

O Observatório de Segurança e Criminalidade defende que só uma cooperação efectiva entre a Força Aérea e as forças terrestres de segurança pode permitir um verdadeiro exercício de autoridade no combate ao tráfico de droga por via aérea. O uso de aviões ligeiros no tráfico de droga está a aumentar, sobretudo entre o litoral marroquino e Espanha e Portugal, com destaque para o haxixe.

Quem não se lembra da misteriosa avioneta que escapou a dois caças F-16 da Força Aérea há apenas dois meses? Do aparelho, nem rasto. Nem do piloto ou do que poderia transportar.

"Nem todo o espaço ibérico é controlado, nomeadamente o nacional, pelos radares da Força Aérea. E voando a uma determinada altitude, algumas aeronaves conseguem passar despercebidas", explica Felipe Pathé, do Observatório da Segurança e Criminalidade, para quem a porta de entrada no país não é suficientemente vigiada.

Umas avionetas passam despercebidas, outras dão nas vistas em trágicos acidentes. O último relatório conjunto da Europol e do Centro Europeu de Monitorização da Droga e da Toxicodependência indica que cerca de 30 aparelhos caíram em Portugal, Espanha e Marrocos desde 2007. A maioria dos voos ocorreu de noite e a baixa altitude.

Faltam radares em Portugal, bem como cooperação entre a Força Aérea e as diferentes polícias. Até já foi criada uma Autoridade Aeronáutica de Defesa Nacional, mas tem lacunas. "Não deixa de ser vazia a partir do momento em que não prevê uma articulação, uma coordenação e uma cooperação entre as forças de segurança e as Forças Armadas, ou seja, que preveja mesmo um exercício de autoridade", lamenta Felipe Pathé.

Uma Polícia Marítima já existe e "seria interessante" criar uma polícia para o espaço aéreo, mas não é possível na actual conjuntura, pelo que o responsável do Observatório deixa uma ideia: "Criar sinergias com o que já existe. E a melhor forma de criar sinergias é articulando a cooperação".

Uma maior cooperação entre Defesa, Polícia Judiciária, GNR e PSP é, na opinião do Observatório de Segurança e Criminalidade, a melhor resposta. Até porque o aumento do tráfico de droga por via aérea é uma preocupação crescente.