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Lusofonia não pode "sufocar as culturas dos povos"

07 jan, 2013 • Paulo Neves com agência Lusa

“Costumamos dizer que o que nos une é a Língua. Eu digo que não, é o que nós queremos fazer com a Língua", afirma p antigo Presidente moçambicano, Joaquim Chissano.

A lusofonia é "uma utopia útil", mas não pode "sufocar as culturas dos povos" dos países que a partilham, defende o antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano.

Numa das conferências que assinala os 40 anos do semanário “Expresso”, esta segunda-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Chissano questionou o termo e o conceito de lusofonia, falando na "inculturação" do espaço lusófono "por um dos povos".
 
O antigo líder moçambicano disse que "em Portugal não se encontram as culturas" dos outros designados países lusófonos, são "visitantes" apenas. Ou seja, o conceito de lusofonia pode significar uma "exclusão da diversidade", realçou. 

Joaquim Chissano defende que a Língua Portuguesa é o destino comum dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), uma comunidade que deve ser trabalhada.

“Costumamos dizer que o que nos une é a Língua. Eu digo que não, é o que nós queremos fazer com a Língua. Criámos a CPLP porque nos movemos por iguais ideias: falo de ideais de liberdade, igualdade entre as nações, dignidade, paz, respeito pelos direitos humanos e aspiração pelo desenvolvimento das pessoas de todos os nossos países.”

José Ramos-Horta, antigo presidente de Timor-Leste, defende a criação de uma televisão internacional de Língua Portuguesa, melhor do que aquela que existe agora.

“Quando crianças em Timor falam Inglês, eu pergunto: onde aprenderam? Televisão. Portanto, a CPLP ou Portugal, se queremos expandir e tornar a CPLP algo que os jovens vivem e sentem no dia-a-dia, temos que ver como fazer uma televisão que realmente… porque, senão, pelas vias convencionais a televisão, televisão convencional, ninguém vê”.

Celso Lafer, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, destacou o universalismo da Língua Portuguesa.