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Sindicatos alemães propõem "Plano Marshall" para a Europa

18 dez, 2012 • Ana Carrilho

Objectivo é criar milhares de postos de trabalho na próxima década. Se avançar, programa será financiado por um novo imposto sobre as transacções financeiras.

Os sindicatos alemães querem pôr o sector financeiro a pagar um plano para a criação de milhares de postos de trabalho na europa nos próximos dez anos.

Chamam-lhe uma espécie de "Plano Marshall" e  foi recentemente aprovado. Já chegou a à chanceler Angela Merkel, mas também deve seguir para o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Há algum tempo que a confederação de sindicatos alemães DGB estava a preparar o programa. O objectivo é criar milhares de postos de trabalho e enfrentar um dos maiores problemas dos europeus: o desemprego. Apesar de já apresentado, ainda espera contributos de outras centrais sindicais europeias, revelou à Renascença Christoph Hahn, dirigente da DGB.

“É um plano para investir no futuro da União Europeia, para criar mais e melhores empregos na Europa, um plano para investir na educação e na energia sustentável. São ideias do movimento sindical alemão e esperamos que outras centrais sindicais europeias se juntem ao nosso Plano Marshall com as suas ideias.”

E de onde virá o dinheiro?  De um novo imposto sobre as transacções financeiras, pondo os responsáveis pela crise a pagar este plano de ajuda, diz o dirigente da confederação de sindicatos alemães.

"Queremos que seja um investimento para dez anos e, em cada ano, queremos investir cerca de 200 mil milhões de euros na Europa", sublinha.

A chanceler alemã Angela Merkel já conhece o “Plano Marshall” que, em breve, também chegará à Comissão Europeia, um plano em que a DGB também quer envolver o movimento sindical europeu.

A confederação de sindicatos alemães deixa bem claro que a austeridade não é solução para a crise, que só gera recessão económica e maiores problemas sociais.

Christoph Hahn falava à margem da conferência internacional “As respostas dos consumidores à crise”, organizada pela União Geral de Consumidores, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert, em Lisboa.

"Nos sectores que são privatizados a qualidade não é melhor"
Os consumidores só perdem com a liberalização ou privatização de serviços públicos, como  a água, energia transportes ou saúde.

O recado foi deixado pelo responsável pelo departamento dos consumidores da confederação dos sindicatos alemães.

Orador na conferência internacional sobre a resposta dos consumidores à crise, Christoph Hahn falou da experiência alemã e deixou o alerta.

“A nossa experiência mostra-nos que nos sectores que são privatizados a qualidade não é melhor, os preços não são mais baixos, frequentemente são mais altos. São argumentos que mostram que do ponto de vista do consumidor e dos sindicatos é melhor deixar estes serviços essenciais, como energia, segurança ou água, os preços são mais baixos e a qualidade é maior se o Estado for o dono destes serviços”, disse Christoph Hahn.

Um alerta alemão numa altura em que o Governo português prepara a liberalização, concessão ou privatização de diversos serviços e empresas públicos.