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Jorge Bravo

"O Estado é responsável pelo desequilíbrio nas pensões"

17 dez, 2012

Passos Coelho disse que há pensionistas que não fizeram descontos suficientes para receber o que hoje auferem. Um especialista no sistema de pensões, em declarações à Renascença, deixa um outro argumento: "Os actuais pensionistas cumpriram durante a sua vida activa com as regras que o próprio sistema estabeleceu".

Só ao Estado se podem imputar responsabilidades por eventuais desequilíbrios nas reformas dos portugueses, argumenta Jorge Bravo, professor do Departamento de Economia da Universidade de Évora e especialista no sistema de pensões.

"Se existe uma relação desequilibrada entre aquilo que eles [pensionistas] vão receber e aquilo que eles contribuíram durante a sua vida activa, a responsabilidade desse desequilíbrio é do Estado, que definiu as regras", sublinha o especialista.

Na opinião de Jorge Bravo, "os actuais pensionistas cumpriram durante a sua vida activa com as regras que o próprio sistema estabeleceu para o cálculo das pensões". "Portanto, ambicionam legitimamente ter uma pensão calculada nos termos que o sistema definiu."

Já sobre o suposto desequilíbrio entre os pensionistas do público e do privado, Jorge Bravo é claro. "Neste momento, as regras aplicáveis aos funcionários públicos e aos do privado são iguais. No passado não o foram. Portanto, se existe alguma relativa generosidade, ela, uma vez mais, foi ditada pelas regras mais favoráveis que durante algum tempo vigoraram para os aposentados da função pública", conclui o professor da Universidade de Évora.

Jorge Bravo foi ouvido pela Renascença na sequência das declarações do primeiro-ministro deste fim-de-semana, que criticou quem se queixa dos cortes do Governo e recebe reformas mais altas. "Queixam-se de lhes estarmos a pedir um esforço muito grande, porque têm direito a receber hoje o que descontaram a vida toda. Não é verdade. Descontaram para ter reformas, mas não para ter aquelas reformas", justificou Passos Coelho.