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Portugal sem avanços no combate à corrupção. “Um vergonhoso 33º lugar"

05 dez, 2012 • André Rodrigues

No Índice de Percepção da Corrupção de 2012, Portugal aparece apenas à frente da Grécia, dos países do Leste Europeu e de Itália. Trata-se de “canalizar dinheiros públicos para grupos privados, com a conivência de muitos políticos a partir do Orçamento do Estado, ao longo de muito tempo”.

Portugal aparece em 33º lugar no Índice de Percepção da Corrupção de 2012, divulgado esta quarta-feira. Um baixo desempenho comum nos países da Zona Euro mais afectados pela crise económica. Não há avanços e o vice-presidente da Associação Transparência e Integridade, Paulo Morais, considera o resultado “desastroso”.

“Portugal aparece num vergonhoso 33º lugar. Atrás de si só tem países de Leste, a Itália e a Grécia. A Grécia é hoje uma sociedade desestruturada e Itália tem ainda tradição de peso da Máfia sobre as estruturas da administração pública”, avalia.

Paulo Morais lamenta que não haja em Portugal progressos visíveis no combate à corrupção, combate que “é sempre rentável”, porque “as condições económico-financeiras são uma consequência da corrupção, não uma causa”.

E não faltam exemplos de casos que ajudaram o país a chegar à situação presente: “Foi a corrupção no Euro 2004, na Expo 98, no BPP, no BPN, nos submarinos, que tem uma única síntese: canalizar dinheiros públicos para grupos privados, com a conivência de muitos políticos a partir do Orçamento do Estado, ao longo de muito tempo”, enumera Paulo Morais, em declarações à Renascença.

Num país a precisar de se reerguer da crise através do investimento e do crescimento económico, os resultados são muito pouco animadores.

“É natural que haja um conjunto de grupos económicos internacionais que não queiram vir a investir num país em que tudo é imprevisível e, além disso, sabem que não podem concorrer livremente, porque há grupos económicos protegidos pelo Estado”, afirma o vice-presidente da Associação Transparência e Integridade.

A liderar o “ranking” mundial da Transparência e Integridade aparecem Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia. No fundo da tabela, Afeganistão, Coreia de Norte e Somália.