Confrontos no Parlamento
Comissão de trabalhadores diz que "a RTP não é figurante nas encenações do Governo"
22 nov, 2012
Comunicado diz que caso da manifestação de 14 de Novembro "teve os contornos de uma grande operação de guerra psicológica".
A comissão de trabalhadores da RTP emitiu um comunicado com muitas críticas ao Governo e nomeadamente ao ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, afirmando que a estação "não é figurante nas encenações do Governo". Em causa está a alegada cedência à PSP de imagens não editadas dos confrontos registados junto ao Parlamento.
O comunicado começa com uma série de afirmações, antecedidas pela expressão "toda a gente sabe". "Toda a gente sabe que, no dia 14 de Novembro, a polícia foi apedrejada durante hora e meia sem reagir. Toda a gente sabe que, depois disso, a carga policial cilindrou por igual manifestantes violentos e manifestantes pacíficos, passantes acidentais em S. Bento e alguns no Cais Sodré. Toda a gente sabe que as dezenas de pessoas detidas foram depois privadas de contacto com os seus advogados e depois submetidas a vexames em Monsanto", pode ler-se logo no primeiro parágrafo.
A seguir, os trabalhadores da RTP procuram explicar a razão por detrás da actuação da polícia. "A actividade dos infiltrados e a passividade da polícia, durante hora e meia, só podem ter servido para justificar aos olhos da opinião pública as violências e arbitrariedades policiais. Em última análise, só pode ter consistido em intimidar as centenas de milhares de pessoas que nos últimos meses têm participado em protestos contra o Governo e em dissuadi-las de voltarem à rua", lê-se no texto.
"Tudo teve os contornos de uma grande operação de guerra psicológica", sentencia o comunicado.
A comissão reafirma que tudo fez para impedir a cedência de imagens à PSP e termina, como começou, num tom extremamente crítico do Governo. "O ministro Miguel Macedo deverá saber que nem nós somos figurantes da sua encenação, nem a RTP é uma manifestação onde possa colocar impunemente os seus peões infiltrados."
Por sua vez, a PSP não esclarece se visionou imagens não editadas da RTP relativas aos confrontos registados no Parlamento a 14 de Novembro. Em comunicado, a polícia garante apenas que não possui, nem nunca teve na sua posse, quaisquer imagens que não sejam aquelas que os operadores televisivos emitiram.
Esta quarta-feira, a alegada cedência, por parte da estação pública, de imagens não editadas dos protestos frente à Assembleia da República levou à demissão do director de informação, Nuno Santos.