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Isaltino quer levar comboio eléctrico até Sintra

15 nov, 2012 • Manuela Pires

Presidente da Câmara de Oeiras diz à Renascença que está a preparar, em conjunto com a Câmara de Sintra, uma candidatura a fundos comunitários para levar o monocarril (SATU) até ao Cacém.

Isaltino quer levar comboio eléctrico até Sintra
“Estão bem encaminhadas” as conversas entre o autarca de Oeiras, Isaltino Morais, e o secretário de Estado da Economia, António Almeida Henriques, no sentido de Portugal conseguir fundos comunitários para avançar com a ligação do SATU (o comboio eléctrico e auto-dirigido de Algés) ao Cacém, no concelho de Sintra.

“Acredito que finalmente haja luz verde por parte do Governo no apoio a essa candidatura, até por uma razão: na situação em que o país se encontra, não faz sentido que os poucos fundos comunitários que ainda restam sejam perdidos”, defende Isaltino Morais, em entrevista à Renascença.

O presidente da Câmara de Oeiras garante o financiamento por parte de Portugal para a construção do SATU até ao Cacém.

O monocarril vai ligar a linha de comboio de Cascais a Sintra, passando pelo Lagoas Park e pelo Tagus Park, onde trabalham mais de 15 mil pessoas.

“A construção de 10 mil lugares de estacionamento corresponde ao investimento que é preciso fazer neste transporte”, adianta o autarca.

O SATU foi inaugurado em 2004 e é um monocarril sem tripulação com apenas um quilómetro de distância.

Segundo a empresa municipal que gere o sistema automático de transporte urbano, em 2004 a média de passageiros era de 400 e em 2011, 500 passageiros por dia.

Em 2010, segundo o anuário financeiros dos municípios, a empresa municipal apresentou quase três milhões de euros de prejuízos.

Isaltino Morais garante que a Câmara não investiu um euro neste projecto e que o acordo assinado com o parceiro privado, a empresa de construção civil Teixeira Duarte, prevê “que as despesas sejam do parceiro privado, o défice nunca foi coberto pela Câmara de Oeiras”, garante à Renascença.


Foi um delírio
Apesar da convicção de Isaltino Morais, o deputado municipal do Bloco de Esquerda, Miguel Pinto defende que o SATU devia estar parado há muito tempo, “foi um falhanço completo, não foi feito qualquer estudo de tráfego, não tem viabilidade económica.

Além de ter despesa, não tem clientes. Já se gastaram aqui 28 milhões de euros. E se quiserem fazer a nova fase, têm de deitar os prédios abaixo”.

Quem vive paredes meias com o SATU também não faz elogios à obra. Margarida Simões mora na tapada do Mocho e a estrutura por onde circula o SATU está quase a tocar o prédio onde vive há 16 anos.

“Tem vindo a fazer cada vez mais barulho. Está colado ao meu prédio e tirou a vista a muitos vizinhos. Praticamente não anda ninguém, porque é caro e ninguém vem da estação para o Oeiras Parque. Ninguém usa, é uma construção muito feia, não se sabe muito bem para que foi feito, foi um delírio”.