Emissão Renascença | Ouvir Online

Confrontos junto ao Parlamento provocaram nove detidos e 48 feridos

14 nov, 2012 • Matilde Torres Pereira, Carlos Calaveiras, Ricardo Vieira, Joana Beleza e Celso Paiva Sol

Depois de mais de uma hora de tensão, as forças de segurança avançaram sobre os manifestantes. Polícia sustenta que estava em causa "a integridade física dos agentes". Carga policial foi transmitida em directo pela "CNN". Um dos feridos tem 79 anos.

Confrontos junto ao Parlamento provocaram nove detidos e 48 feridos
A tensão já tinha subido ao início da tarde, no Chiado, mas foi ao fim do dia, em frente à Assembleia da República, e depois de uma hora de tensão que as forças de segurança avançaram sobre os manifestantes. 48 pessoas ficaram feridas nas manifestações de hoje. Muitas mais levaram para casa imagens que nunca mais vão esquecer. As imagens da mais violenta manifestação contra a austeridade.
Nove pessoas foram detidas e 48 ficaram feridas após confrontos entre a polícia e manifestantes junto ao Parlamento, em Lisboa. A PSP iniciou uma carga policial às 18h16 desta quarta-feira, dia de greve geral, depois de ter sido alvo do arremesso de pedras e garrafas da parte de alguns dos participantes no protesto.

Segundo o chefe de urgências do Hospital de S. José, Trindade Soares, os 48 feridos são todos ligeiros. A Renascença apurou que 21 são polícias e 27 envolvem manifestantes e jornalistas.

Os feridos têm entre 27 e 79 anos e a maioria está na casa dos 30. O Hospital de São José, que estava de prevenção activa, recebeu 17 dos feridos, dos quais cinco são jornalistas e um é polícia.

Cinco dos 48 feridos foram atingidos por pedras arremessadas ainda antes da carga policial. Uma fotojornalista da France Press que já tinha sido ferida na greve geral anterior foi atingida por uma destas pedras.

Entre os nove detidos há um cidadão de nacionalidade italiana. Quanto aos portugues, a maioria são desempregados ou de ocupação indefinidas, têm idades entre os 20 e os 65 anos e alguns possuem antecedentes criminais. Fonte da PSP confirmou também à Renascença que foram levadas para o Tribunal de Monsanto dezenas de pessoas para identificação, na sequência dos distúrbios.

Antes da intervenção das forças de segurança, alguns manifestantes lançaram objectos na direcção da polícia durante mais de uma hora. Os elementos do corpo de intervenção da PSP começaram por usar um megafone para pedir a dispersão. Às 18h16, avançaram com bastões e cães sobre a multidão.

Os manifestantes começaram a dispersar de imediato perante a intervenção da polícia. As imagens foram transmitidas em directo pela cadeia televisa norte-americana "CNN".

No rescaldo da dispersão, surgiram vários focos de incêndio nas imediações da Assembleia da República, sobretudo na Avenida D. Carlos I. As ruas foram cortadas e deslocaram-se para o local vários carros de bombeiros e ambulâncias.

Jairo Campos, subcomissário da PSP, justifica a intervenção da polícia com a necessidade de defender a "integridade física" dos agentes, dizendo que "não houve outra hipótese". Antes de avançarem sobre a multidão, os elementos da PSP foram alvo de arremesso de várias pedras arrancadas da calçada junto à escadaria da Assembleia da República, que foram atiradas por dezenas de manifestantes de cara tapada. Algumas das pedras partiram quatro escudos do cordão policial.
 
As barreiras metálicas de protecção já tinham sido derrubadas anteriormente, o que levou a PSP a reforçar o cordão policial com mais elementos do corpo de intervenção. Num dos momentos de tensão, um dos manifestantes conseguiu tirar um escudo ao elemento do corpo de intervenção, devolvendo-o de seguida pintado com a palavra "povo".

Os confrontos começaram a intensificar-se após as 17h00, quando terminou a marcha de protesto contra a austeridade marcada pela CGTP. Esta quarta-feira foi dia de greve geral em Portugal.

[artigo actualizado às 14h28 de 15 de Novembro, com o número oficial de detidos]