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Patrões e sindicatos de acordo: a troika está a "fugir" à renegociação

13 nov, 2012

Mudar metas e prazos não está em cima da mesa, segundo os parceiros sociais que estiveram reunidos com os representantes do FMI, Banco Central Europeu e da Comissão Europeia.

A "troika" ouviu os parceiros sociais, mas não mostrou abertura para mudar uma vírgula ao programa de ajustamento. Patrões e sindicatos falaram em insensibilidade no final do encontro desta terça-feira com os credores internacionais.

João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio, insistiu que o programa de ajustamento tem de ser reajustado, mas os credores internacionais nem querem falar em renegociação.

"Consideramos que o programa falhou, porque não estava adaptado à realidade da economia portuguesa, ao tipo de empresas, ao tipo de endividamento das famílias, ao tipo de crédito necessário e, a partir daí, é preciso alterar o programa. Insistir nele é entrarmos numa espiral que nos poderá levar a uma situação próxima da Grécia", argumenta João Vieira Lopes.

Questionado quanto à reacção que houve a este pedido de renegociação do memorando, o presidente da Confederação do Comércio diz que "a troika fugiu à questão".

No final da reunião, o secretário-geral da CGTP lamentou que a "troika" não reconheça o que, no entender de Arménio Carlos, é o "falhanço do programa" de ajustamento que vigora em Portugal.

"Tivemos a 'troika' a falar dos problemas económicos e financeiros, não apresentou nenhuma justificação para o desastre que este programa está a conduzir o país e não fez uma referência sequer àquilo que são as consequências destas políticas", afirmou Arménio Carlos.

Na contagem decrescente para a greve geral desta quarta-feira, o secretário-geral da CGTP recorda a recessão económica, os "450 mil postos de trabalho que entretanto já foram destruídos, os 1,4 milhões de pessoas que estão em inactividade - e a maior parte delas não recebe o subsídio de desemprego. Arménio CArlos mencionou ainda o aumento dos casos de pobreza, exclusão social e  ome.

João Proença, da UGT, diz que, neste encontro, ficou claro que partiu do Governo a ideia de cortar mais quatro mil milhões de euros na despesa, uma medida a apresentar até Fevereiro.

"Não faz sentido que o que a 'troika' tinha apontado, que era cortes na despesa até 2014, dê agora lugar [a este] ultimato até Fevereiro. Este ultimato é do Governo aos portugueses, à função pública, ao Estado social - não é um ultimato da troika", afirmou João Proença.