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Espanhóis lucram com greve nos portos portugueses

07 nov, 2012

Em Portugal, estivadores fazem greve por turnos. No porto de Vigo, os espanhóis fazem horas extraordinárias para despachar cargas urgentes que chegam de Sines.

Muitos navios e mercadorias estão a ser desviados para Espanha, com benefícios para os portos do país vizinho. A greve nos portos portugueses obrigou a mais horas de trabalho por parte dos estivadores espanhóis.

“O aumento de serviços representa mais horas, sobretudo para os estivadores, que trabalham por turnos, como se faz em Portugal, e tiveram que fazer mais turnos para poder tratar de toda a mercadoria. Portanto, foram mais horas de trabalho”, explica à Renascença Inácio Lopez Chavez, presidente da autoridade portuária de Vigo.

Mais trabalho para os espanhóis que acabaram por receber, sobretudo, as cargas urgentes que tinham como destino Portugal. “Notou-se mais nestas últimas três ou quatro semanas com a chegada de quatro grandes porta-contentores. O número de contentores foi cerca de 400 que chegaram do porto de Sines e foram desviados por via ferroviária para o porto de Vigo”, explica Inácio Lopez Chavez.

Efeitos que poderiam ser mais significativos, sublinha o responsável pelo porto galego, caso a paralisação dos trabalhadores portugueses fosse contínua e não por turnos.

A paralisação nos portos nacionais prolonga-se até dia 27, com a paragem já anunciada de 24 horas no último dia.

Governo mantém abertas “janelas do diálogo”
O prolongamento da greve nos portos nacionais, que dura há várias semanas, levou os empresários a recordar que estão em causa milhões de euros de prejuízo. A Associação Comercial de Lisboa insiste mesmo na necessidade de uma requisição civil dos estivadores.

O Governo, no entanto, continua a apostar na negociação. “Esta lei do trabalho portuário foi assinada alguns sindicatos e subscrita por bastantes operadores. Continuaremos e manteremos as janelas do diálogo de forma a fazer com que os nossos portos sejam não só competitivos, mas também em que consigamos avançar e ultrapassar esta situação que está a prejudicar a economia nacional”, garantiu no Parlamento o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.