Emissão Renascença | Ouvir Online

Polícias dizem que acabou a paciência e saem à rua

06 nov, 2012 • Celso Paiva Sol

Maior sindicato da PSP espera juntar milhares de polícias numa manifestação pacífica. Queixa-se de falta soluções para problemas antigos e mostra-se assustado com o Orçamento para 2013.

Polícias dizem que acabou a paciência e saem à rua
Cansados de esperar pela solução de problemas antigos, e assustados com o que o aí vem no Orçamento do próximo ano, os policias voltam esta terça-feira a manifestar-se nas ruas de Lisboa. O maior sindicato da PSP diz que a paciência acabou. Por resolver continua a actualização das tabelas remuneratórias previstas no Estatuto que está em vigor desde Janeiro de 2010 e mesmo que o Governo já tenha prometido regularizar a situação no inicio do próximo ano, Paulo Rodrigues, presidente da ASPP , diz q
O maior sindicato da PSP diz que a paciência acabou e os agentes voltam, esta terça-feira, a manifestar-se nas ruas de Lisboa.

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) refere que a classe está cansada de esperar pela solução de problemas antigos e assustada com o que o aí vem no Orçamento do próximo ano.

Por resolver, continua a actualização das tabelas remuneratórias previstas no Estatuto, que está em vigor desde Janeiro de 2010, e, ainda que o Governo já tenha prometido regularizar a situação no início do próximo ano, Paulo Rodrigues diz que faltam os retroactivos.

Esta situação "afecta mais os polícias que estão na categoria de agentes e de chefes", mas também atinge "alguns oficiais".

"Estamos a falar de cerca de 17 mil profissionais que não estão colocados na nova tabela remuneratória”, explica o presidente da ASPP à Renascença.

Embora acredite “que nem todos vão receber retroactivos”, Paulo Rodrigues sublinha que “a grande parte dos 17 mil vai recebê-los”.

“Estamos a falar de profissionais que têm assumido prejuízos desde 2010 que pode ir desde os 30 euros mensais até aos 150", sublinha.

Ainda com vários milhões de euros em dívida aos profissionais da PSP, a Associação Sindical dos Profissionais de Policia já vê no horizonte três novos problemas inscritos no Orçamento para 2013.

Paulo Rodrigues afirma que os polícias não esperavam “que viesse um corte como está a acontecer ao nível da saúde, mas também não estávamos à espera que fosse abolido o passe que nos permite circular nos transportes públicos quando estamos em serviço e muito menos estávamos à espera que o Governo, tendo em conta que tem uma polícia que de ano para ano vai envelhecendo, congelasse as pré-aposentações”, critica.

Milhares nas ruas em protesto pacífico
A ASPP conta juntar alguns milhares de polícias na marcha que irá ligar o Largo de Camões à Assembleia da República, numa iniciativa que Paulo Rodrigues antevê pacífica.

O presidente da ASPP garante que “os polícias nunca deixaram de fazer o seu trabalho e, ao longo dos anos, temos sabido distinguir o que é estar numa manifestação a reivindicar os nossos direitos, mas quando somos chamados a desempenhar o nosso papel como profissionais de polícia vamos tentar distinguir as coisas e estar ao mais alto nível”.

Confrontado nesta entrevista à Renascença com a possibilidade de alguma vez a PSP voltar a dispersar pela força uma manifestação de polícias, como aconteceu em 1989, Paulo Rodrigues não acredita que algum político venha a cometer o mesmo erro.

“Toda a gente sabe que a atitude do Governo em 21 de Abril de 1989 foi um erro e penso que nenhum Governo quer cometer novamente o mesmo erro”, recorda.

Os polícias esperam apenas que esta manifestação faça o Executivo perceber a indignação que está instalada na PSP e diz sentir entre os polícias disponibilidade para todo o tipo de protestos. “Se o Governo continuar com uma atitude de corte de direitos, de não investir nas pessoas, não investir na instituição não teremos outra alternativa de evoluir para outras acções de protesto e todas elas estão em cima da mesa”, garante Paulo Rodrigues.