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Crise obriga avós reformados a ajudar filhos e netos

19 out, 2012 • Ana Lisboa

“Já há um ano que não vou ao cabeleireiro. Ponho os rolos em casa, a tinta no cabelo, para parecer mais nova, e outras coisas mais”, confessa Maria, desde sempre “habituada a poupar".

Com o agravamento das medidas de austeridade, são muitos os pais que passaram a ajudar os filhos e até os netos naquilo que mais precisam. É o caso de Maria (nome fictício), de 81 anos, que ajuda uma filha divorciada e os respectivos netos - um desempregado e outro a estudar no ensino superior.

“Não está desempregada, mas está só e tem dois filhos, um deles na faculdade. E, então ,eu, em consciência, tenho abdicado de muitas coisas pessoais e tenho procurado ajudá-los naquilo que posso”, conta à Renascença.

Para poder continuar a ajudar a família, esta enfermeira reformada privou-se de muitas coisas: “Cortei com as excursões que fazia, e que gostava de fazer, e não tenho ninguém que me ajude na casa, sou eu ainda com 80 anos que faço as coisas todas”.

“Já há um ano que não vou ao cabeleireiro, ponho os rolos em casa, ponho a tinta no cabelo para parecer mais nova e outras coisas mais”, conta Maria, confessando: “Fui habituada a poupar, sempre”.

Maria também teve de reduzir os apoios que costumava dar a instituições de solidariedade e, com o previsto aumento dos impostos, não tem dúvidas de que terá de fazer ainda mais cortes nas ajudas que dá.

“Os subsídios era aquilo que nos vinha dar um bocadinho mais de folga", sem eles, como é que podemos ajudar?”, questiona.

“O ordenado quase que se absorve nas despesas do dia-a-dia e nós, com esta idade, ainda temos mais outra coisa: gastamos bastante em medicamentos", desabafa.

[notícia actualizada às 19h28]