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"Profissão de arquitecto atravessa a mais grave crise de sempre"

02 out, 2012 • Maria João Costa

Presidente da Ordem dos Arquitectos apresentou propostas ao Governo, mas um ano depois continua sem resposta.

"Profissão de arquitecto atravessa a mais grave crise de sempre"

É a mais grave crise de que há memória. O presidente da Ordem dos Arquitectos não hesita em escolher esta expressão para descrever a paralisia que se vive nesta altura nos ateliers.

“A profissão de arquitecto atravessa, tanto quanto há memória, a mais grave crise de sempre, por falta de oportunidades, trabalho e encomendas, o que tem como resultado uma situação de praticamente paragem de grande parte dos ateliers ou dos profissionais envolvidos, sobretudo, na área de projectos, mas também todos aqueles que estão ligados ao sector da construção”, afirma João Belo Rodeia.

Em declarações à Renascença, o responsável explica que há muitos profissionais a abandonarem o país. A Ordem está por isso a fazer um estudo sobre a situação na profissão.

Os dados já conhecidos indicam que os destinos mais importantes para os arquitectos portugueses são os países da Europa onde a crise é menos evidente, como Alemanha e Suíça. O Brasil e Angola continuam a ser os que recebem mais arquitectos portugueses.

João Belo Rodeia lamenta que o Governo não tenha respondido às propostas que a Ordem apresentou há um ano para dinamizar o sector.

“O Estado é possuidor de uma grande carteira de imóveis, muitos deles desocupados, grande parte deles nos centros das cidades e poder-se-ia, a partir deles, criar um programa público que, de algum modo, espoletaria um processo de encomenda de projectos”, sugere o bastonário.  

“Temos feito imensas propostas, que nós acreditamos serem viáveis sem grandes custos e que evitariam a perda de ‘know-how’, a perda de conhecimentos adquiridos e, portanto, esta espécie de indigência e emigração forçadas a que os arquitectos são sujeitos”, sublinha.