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Misericórdias no limite. “Estado não apoia o sector social. Apoia-se nele"

20 set, 2012

Presidente da União das Misericórdias pede explicações sobre as medidas de austeridade. “Já não há mais aquela história do é assim, porque é assim!”, adverte.

Misericórdias no limite. “Estado não apoia o sector social. Apoia-se nele"
Algumas misericórdias portuguesas já estão em situação limite. Manuel Lemos, presidente da União Portuguesa de Misericórdias e da Confederação Internacional de Misericórdias, recomenda que o Estado apoie as instituições que estão mais próximas dos portugueses em dificuldades. Em entrevista à Renascença, Manuel Lemos antecipou ainda algumas das propostas que vão ser debatidas no Congresso Internacional das Misericórdias, que decorre até sábado no Porto e Vila Nova de Gaia.
As Misericórdias não estão a conseguir dar resposta à crise e muitas já vivem com a “corda na garganta”, perante o aumento dos pedidos de ajuda. “Isto coloca problemas de sustentabilidade e, portanto, de capacidade de resposta, porque o Estado não apoia o sector social, o Estado apoia-se no sector social”, critica o presidente da União das Misericórdias, Manuel Lemos.

“A crise está a ser muito longa e muito grande e, portanto, há muitas misericórdias a entrar no vermelho. A nossa capacidade de ajudar tem limites. Em algumas Misericórdias estamos em cima dele”, revela à Renascença.

Manuel Lemos considera que os sacrifícios para a maioria dos portugueses são muitos e é preciso que o Governo os explique: não basta impor a austeridade.

“As pessoas precisam de uma explicação para o que se está a passar, porque estão encostadas à parede. Acho que se o Governo explicar que isto foi aplicado em França nos anos 80 ou nos Estados Unidos ou em Inglaterra, e deu resultado, todos nós ficamos com disposição para passar por isso. Sob pena de todos nos questionarmos para que é todo este sacrifício”, defende.

A crise e a resposta social das Misericórdias são alguns dos temas em discussão no Congresso Internacional que decorre entre esta quinta-feira e sábado, no Porto – um evento que conta com a participação do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas (na abertura), do ministro da Saúde, Paulo Macedo, e do ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Motas Soares (no encerramento).