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Tratado orçamental é um "desastre europeu"

28 jun, 2012 • Ana Carrilho

Economista João Ferreira do Amaral classifica o tratado de “recessão permanente”, que vai atingir mais fortemente os países com maiores debilidades, como Portugal.

Tratado orçamental é um "desastre europeu"
Bandeira da União Europeia

O tratado orçamental é um "desastre europeu". Foi assim que o economista João Ferreira do Amaral se referiu ao pacto de disciplina orçamental que força os países a respeitar um limite para o défice de 0,5% da riqueza produzida.

No debate sobre a segurança social organizado esta quinta-feira pela CGTP e em que foi orador, João Ferreira do Amaral classificou o tratado de “recessão permanente”, que vai atingir mais fortemente os países com maiores debilidades.

“Se o tratado for para cumprir, os países que têm mais dívida e que estão em pior situação económica vão ter que reforçar muito mais a sua austeridade e aprofundar a sua recessão para cumprir o défice de 0,5% do PIB”, adverte.

Esses países não podem suportar mais austeridade, política que não dá resultados, defende. No caso português não resulta porque o problema da economia nacional não é financeiro e sim, económico, salienta.

As opções feitas antes da entrada no euro não foram as melhores. A solução, defende Ferreira do Amaral, é voltar atrás e apostar em sectores chave, como a agricultura, a indústria ou o turismo.

Para o economista, não há dúvida que o objectivo é mesmo reduzir salários, uma opção que também não funciona.

“Sobre este chapéu de políticas estruturais o que está verdadeiramente implícito é a redução dos custos salariais, mais nada. O resto é tudo flores à volta disto. Isto não funciona porque reduzir os salários não interessa nada para melhorar a nossa competitividade. Se reduzir os custos salariais, eu reduzo para todos os sectores e, portanto, continuarão a predominar os sectores protegidos da concorrência externa e a única coisa que vai dar é maior margem de lucro para esses sectores, sem melhoria nenhuma da estrutura produtiva.”  

Ferreira do Amaral concluí que a austeridade é completamente ineficaz para Portugal. Uma conclusão que a vasta assistência de dirigentes sindicais da CGTP gostou de ouvir.