Novos pobres podem tornar-se nos novos sem-abrigo

A pobreza está a crescer em Portugal e há um risco elevado de muitos destes novos pobres passarem a ser também sem-abrigo.

O director executivo da CAIS, Henrique Pinto, que realiza esta quinta-feira mais um congresso, na Universidade Católica Portuguesa, admite que a situação é preocupante.

“Que a pobreza está a crescer em Portugal isso é evidente. Aquilo que me custa mais saber não é que os sem-abrigo, que já o eram, continuam sem-abrigo. A questão não é tanto essa”, argumenta Henrique Pinto.

"O drama maior está entre pessoas que nunca foram pobres, nunca souberam o que a pobreza era, e hoje estão a sê-lo. O risco de hoje termos pessoas que se tornam sem-abrigo é altíssimo”, alerta o director executivo da CAIS.

O responsável sublinha ainda que, ao longo de 2011, a CAIS “contabilizou, em Lisboa e no Porto, largas dezenas de pessoas novas“ a pedir ajuda. “Estamos a falar de gente com menos idade, mas em idade activa, que perderam o trabalho, entraram em situação de ruptura familiar, situações de divórcio.”

É preciso procurar soluções internas
Com o tema "Portugal emigrante - por um não-coagido fluxo migratório", o congresso da CAIS pretende abordar precisamente o facto de muitos portugueses se virem obrigados a emigrar para arranjar trabalho.

Segundo Henrique Pinto, “há muita gente, jovens e adultos em idade activa, que está a ser obrigada a ir embora e a construir o seu sonho num país estrangeiro pensando que encontram logo um trabalho ali à mão, mas não encontram e as dificuldades depois acumulam-se, tornam-se mais complexas, até que acabam na rua”.

Por isso, o director executivo da CAIS aconselha os portugueses “a encontrar soluções dentro do país”, migrando de uma região para outra, por exemplo.

Actualmente, a CAIS acompanha cerca de 500 pessoas, a quem dá formação e tenta encontrar soluções de trabalho junto de empresas e instituições parceiras.